30 DE MAIO DE 2015
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A Sr.ª Vera Rodrigues (CDS-PP): — É inevitável que falemos do que foi o colapso do Grupo Espírito Santo
e do Banco Espírito Santo.
A Sr.ª Mariana Mortágua (BE): — É público!
A Sr.ª Vera Rodrigues (CDS-PP): — Mas importa que tenhamos, também aqui, alguma racionalidade e
alguma lucidez.
Sobre os efeitos que foram acontecendo na economia e sobre os danos que foram causados, tendo em
conta a dimensão do Grupo e tendo em conta a importância económica que tinha, se fizéssemos um raciocínio
e se fizéssemos uma pergunta aos portugueses, há dois anos atrás, sobre quais eram os efeitos e sobre quais
eram os danos expectáveis na economia e no nosso sistema financeiro e bancário, se compararmos com
aquilo que poderia ter acontecido, com aquilo que era a expectativa relativamente a um Grupo com aquela
dimensão e com aquela importância, e comparando com aquilo que temos hoje, penso que ficam poucas
dúvidas, com os dados que hoje se conhecem, de que a resolução aplicada pelo Banco de Portugal foi a
solução que melhor protegeu a contaminação a outras instituições, foi a solução que melhor protegeu os
interesses dos contribuintes, foi a solução que melhor protegeu e defendeu os depositantes.
No fundo, foi uma solução mais sensata. Perante um problema que era complexo, que, pela sua própria
dimensão, também era inédito e que, obviamente, implicou a resolução que foi tomada, ela teve
consequências, do meu ponto de vista, bem menores e bem menos significativas do que algumas que são,
muitas vezes, irresponsavelmente, defendidas pela esquerda.
Temos de fazer este debate pensando nas consequências das alternativas. Será que a insolvência do
Grupo aumentava o crédito disponível às empresas na economia? Será que a nacionalização da banca
protegia e defendia melhor os interesses dos contribuintes? Será que havia melhor solução que eliminasse o
contágio ao resto do sistema bancário? Será que havia uma solução alternativa que fosse melhor do ponto de
vista de todos os interesses que aqui devem ser ponderados e acauteláveis? Temos dúvidas, tendo em conta
a informação que temos hoje, que essas alternativas fossem melhores do que a solução adotada.
Por isso, tendo em conta a necessidade de, obviamente, mitigarmos os problemas e os danos que foram
causados à economia, importa que tenhamos em presença os interesses que prevalecem e que são mais
relevantes num momento tão difícil como o que aconteceu.
É verdade que houve falhas de supervisão. É verdade que houve falhas de articulação. Mas, face ao que
foi o comparativo com outras decisões que foram tomadas no passado, houve acertos e estou em crer que
acertámos no que era o essencial.
Sr.ª Ministra, em soluções tão complicadas como as que se tiveram de encontrar,…
O Sr. Presidente (Miranda Calha): — Queira concluir, Sr.ª Deputada.
A Sr.ª Vera Rodrigues (CDS-PP): — Vou terminar, Sr. Presidente.
… numa cadeia de comando que tem de funcionar em perfeição, sob o ponto de vista das
responsabilidades e do papel dos consumidores, sob o ponto de vista das responsabilidades e do papel dos
próprios bancos, sob o ponto de vista das responsabilidades e do papel dos próprios supervisores e dos
próprios reguladores, cada um tem de cumprir, rigorosa e escrupulosamente, o seu papel e as suas
responsabilidades.
A Sr.ª Rita Rato (PCP): — Nota-se!
A Sr.ª Vera Rodrigues (CDS-PP): — Misturarmos o papel e a responsabilidade de cada um só faz com
que se diluam essas responsabilidades, e diluir as responsabilidades pode significar branquear a realidade e
pode significar não responsabilizar quem, efetivamente, tem de ser responsabilizado.
Aplausos do CDS-PP e do PSD.