I SÉRIE — NÚMERO 101
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atingimos — um prazo médio de pagamentos a fornecedores que esteja de acordo com aquilo que são
exigências comunitárias e que são exigências também da própria lei portuguesa. Mas estamos a esforçar-nos
por fazer isso!
Diga-se, de passagem, que o facto de termos, do lado de todos os serviços públicos, criado condições
legais para observar regras que não eram observadas antigamente ajuda a essa disciplina e a esse rigor.
Hoje, sabemos que, no Estado, não é possível que, não havendo fundos disponíveis a prazo de três meses,
possa haver compromissos assumidos em termos de despesa pública.
Dirão uns: «Mas isso é muito mau, porque as necessidades são muitas, o Estado não devia ter essas
restrições, devia sempre fornecer todos os bens e serviços que fossem necessários. Afinal, o Estado é o
Estado! O Estado tem sempre de pagar tudo, mesmo que não tenha dinheiro; depois, logo se há de ver onde
se vai buscar o dinheiro. E, se não houver cá, pede-se lá fora.»
Nós passámos por tudo isso e sabemos que isso nem deu tranquilidade a quem acedia aos serviços de
saúde, nem aos portugueses, fizessem eles o que fizessem na vida! Um país em que a regra é gastar e depois
ver se é possível pagar é um país que está condenado a não cumprir as suas obrigações quer interna quer
externamente.
Vozes do PSD e do CDS-PP: — Muito bem!
O Sr. Primeiro-Ministro: — Por essa razão, a Lei dos Compromissos foi indispensável para que
pudéssemos ter normalizado o rigor e a disciplina dentro do Estado. E estamos também, na área da saúde, a
ver se conseguimos que não haja, portanto, um aumento dos pagamentos em atraso. E eles têm vindo a ser
reduzidos e contidos.
Sabemos que ainda há um caminho para fazer, mas o caminho que fizemos até hoje não nos impediu de
encontrar poupanças na política do medicamento, apesar de termos, portanto, dispensado mais medicamentos
comparticipados do que no passado; não nos impediu de transferir mais dinheiro para os hospitais.
Tivemos — reparei nesse dado que o Sr. Ministro da Saúde divulgou aqui, no Parlamento, esta semana —,
durante o período de 2011 a 2014, por comparação ao período de 2008 a 2010, mais cerca de 900 milhões
por ano que foram transferidos para os hospitais EPE, o que significa que tivemos mais recursos dentro do
sistema, e, com eles, conseguimos prestar mais e melhores cuidados de saúde.
Protestos do PCP e da Deputada de Os Verdes Heloísa Apolónia.
Por isso, Sr. Deputado Luís Montenegro, não escondemos que a crise teve efeitos em toda a gente no
País. Melhor fora que houvesse uma solução para termos as crises sem precisarmos de nos incomodar com
os seus efeitos! Isso devia ser uma crise muito especial: uma crise em que ficamos todos melhor, em que o
País fica mais rico. Eu adorava ter crises dessas!
Protestos do Deputado do PCP Miguel Tiago.
Os portugueses adorariam saber onde está esse milagre, que é o de termos herdado uma situação de
rutura financeira e passarmos todos a ficar mais ricos, a viver melhor, com mais emprego, com mais acesso a
tudo, aos bens todos! Isso é uma coisa extraordinária!
Aplausos do PSD e do CDS-PP.
Mas enquanto uma parte da oposição se deleita a descrever os problemas da crise, porque deve, com
certeza, achar inútil fazer o exercício de pensar como é que as coisas se deveriam fazer se estivessem no
Governo, porque não têm essa perspetiva, e, portanto, preferem descrever a crise a ocuparem o seu tempo a
pensar como é que ela poderia ser vencida, porque não têm a expetativa de poderem contribuir para isso, o
principal partido da oposição não, porque tem, como é natural que tenha, a expetativa de um dia poder
regressar ao Governo, e sabe que é avaliado por isso. E, em particular, quando um partido que esteve no
Governo tem hoje a generalidade dos seus dirigentes, responsáveis nos Governos anteriores, candidatos a um