I SÉRIE — NÚMERO 101
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internacional quatro versões: duas versões sobre o que quer o Governo grego e duas versões sobre o que
quer a troica. Isto não é possível, em termos de democracia na Europa!
O Sr. Primeiro-Ministro tem obrigação de estar informado e de nos dizer concretamente o que separa o
Governo Grego da troica em matéria de saldo primário, em matéria de exigências sobre a reforma das
pensões na Grécia, em matéria de reforma do IVA, em matéria de despesas de defesa. Ainda hoje, um artigo
vem dizer que o que os separa é 0,5% do PIB grego. Se for isto, é completamente ridículo.
E os senhores do PSD, da maneira como intervêm sobre a Grécia, mostram que a colocam como uma
questão instrumental para servir o debate político interno e não como uma questão séria e como uma
preocupação europeia, para com a Grécia e para com Portugal. É uma situação absolutamente lamentável.
Aplausos do PS.
Até dá a sensação de que os senhores têm vontade que as coisas corram mal com a Grécia. Dá essa
sensação pelo tom das intervenções que foram aqui feitas. Nós, pelo contrário, queremos que corram bem.
Em relação às questões que foram colocadas no debate anterior, permitam-me que, da mesma maneira
que o Sr. Primeiro-Ministro gostaria muito de ser ele a definir a linha do PS — já aconteceu isso no tempo de
António José Seguro e agora acontece com António Costa —, também não é o meu querido amigo
Montenegro que define a intervenção do PS e o que o PS faz para utilizar o seu tempo, quem a define é o PS.
Felizmente que é assim.
Quanto ao Conselho Europeu, é evidente que este tem uma agenda intensa e politicamente muito
relevante, com as migrações e os problemas no Mediterrâneo, a segurança e defesa, o crescimento e o
emprego, o Semestre Europeu, a governação económica da zona euro, com o relatório dos quatro
Presidentes, além da Grécia de que já falámos e que nos preocupa muito.
Quanto ao tema da segurança e defesa, o que o projeto de Conclusões indica é que vão continuar os
trabalhos e, portanto, não há nada de especialmente importante, pelos vistos.
Já quanto ao tema das migrações, é colocada a tónica em vários aspetos: a prevenção de perda de vidas
humanas, a cooperação com o país de origem e as políticas de readmissão e de realojamento.
O estado das coisas é grave. Assistimos este fim de semana, em França, a fronteiras fechadas, o que é um
sintoma de uma doença europeia grave.
O Sr. José Magalhães (PS): — Claro!
O Sr. Ferro Rodrigues (PS): — Este é um problema que tem de ser atacado. O projeto europeu exige
solidariedade e não podemos ficar de braços cruzados a ver pessoas a morrer às nossas portas todos os dias.
Esta é a opinião do PS.
Além disso, este é um problema que afeta mais uns Estados do que outros e é exigível que se adotem
mecanismos de solidariedade rápidos a nível europeu. E a proteção dos direitos fundamentais e a
solidariedade devem estar no centro das políticas europeias.
O Sr. José Magalhães (PS): — Claro!
O Sr. Ferro Rodrigues (PS): — Quanto aos pontos seguintes, o PS defende um novo impulso para a
convergência na União Europeia, que promova um caminho de integração e de reforço dos instrumentos da
política europeia. É necessário encontrar um novo equilíbrio. A Europa é o espaço privilegiado de paz,
prosperidade e de progresso económico e social, onde queremos continuar a estar e para o qual pretendemos
contribuir de forma ativa. Portugal deve defender o aprofundamento da integração europeia, mas manter a
defesa do método comunitário de decisão, que coloca a Comissão Europeia no centro da ação executiva, com
legitimidade democrática reforçada e os Estados-membros em igualdade de circunstâncias, sem rótulos de
primeira linha e de retaguarda, porque é esse o caminho que melhor defende os interesses nacionais e
europeus. Acreditamos numa Europa onde o princípio da igualdade entre os Estados seja respeitado.
Não foi a rigidez dos mercados laborais ou de produtos e serviços que causou o aumento brutal do
desemprego e das divergências na zona euro. Foi uma crise financeira global e posteriores erros de política