20 DE JUNHO DE 2015
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económica, particularmente a opção por políticas de austeridade em toda a Europa, que causaram um
retrocesso significativo no investimento e, mais globalmente, na procura.
Assim sendo, defendemos uma leitura inteligente da disciplina orçamental e por via da governação
económica comum deve ser dada prioridade à redução dos desequilíbrios económicos e sociais. Os
instrumentos de governação económica, como o Semestre Europeu, devem ser aprofundados e reequilibrados
no sentido de uma governação socioeconómica.
Posto isto, com uma adaptação das reformas à realidade concreta de cada país, o PS defende um
Semestre Europeu mais aprofundado e em que se aproximem mais as recomendações à realidade de cada
Estado-membro; a união bancária tem de ser completada com a constituição do Mecanismo Europeu de
Garantia de Depósitos; capacidade orçamental com recursos próprios para fazer face aos choques
assimétricos existentes e que poderão surgir no futuro, apoiando também os Estados-membros nos seus
esforços de convergências, através das reformas que venham a encetar; a criação de um Eurogrupo social; o
relançamento do mercado único de capitais; e o reforço do Fundo Europeu para Investimentos Estratégicos.
É uma realidade que Portugal, nas últimas décadas, realizou um esforço de investimento na modernização
da sua economia, infelizmente interrompido, e elencamos aqui as áreas que consideramos críticas: a correção
do défice histórico das qualificações; a modernização do Estado; a renovação urbana inteligente e a eficiência
energética; a inovação empresarial; a recapitalização das empresas e do tecido económico.
Por fim, quero sublinhar a importância do acordo ao mais alto nível entre o PS e o PSOE, que foi aprovado
pelo Partido Socialista Europeu. Aliás, o Presidente do PSOE, Pedro Sánchez, e o Secretário-Geral do PS,
António Costa, estão, neste momento, no Largo do Rato a assinar este acordo. A própria presidência do
Partido Socialista Europeu congratulou-se com a determinação dos partidos, português e espanhol, em se
envolverem neste caminho de reformas progressivas e justas, com o mencionado documento intitulado Um
novo impulso para a convergência entre Espanha e Portugal, a propósito dos 30 anos de adesão de Portugal e
Espanha à União Europeia.
Estas prioridades têm em consideração o seu contexto nacional, de forma a resolver as suas questões
específicas com respostas orientadas para Portugal e Espanha.
Estes programas específicos devem ser complementados por reformas progressivas necessárias na
governação da zona euro e no Fundo Europeu para Investimentos Estratégicos. Em cada programa
específico, Espanha e Portugal identificam os objetivos a atingir e os obstáculos a serem eliminados. Estes
programas de reforma, voluntários e feitos à medida, estão sujeitos a um entendimento com as instituições
europeias, com objetivos qualitativos e quantitativos claros, com um horizonte de três a cinco anos, com
acompanhamento permanente, ou seja, a par e passo, de todos os meios europeus financeiros disponíveis.
Estes meios financeiros incluem instrumentos, tais como fundos estruturais, fundos de coesão e outros
recursos do orçamento da União Europeia 2014/2020, o Fundo Europeu, mecanismos de financiamento
disponíveis oferecidos, de forma notável, pelo Banco de Investimento Europeu e também a liquidez criada pela
estratégia do Banco Central Europeu e do Mecanismo Europeu de Estabilidade.
O Sr. Presidente (Guilherme Silva): — Tem de terminar, Sr. Deputado.
O Sr. Ferro Rodrigues (PS): — Estou a terminar.
Queremos uma Europa que se afaste da ideia de que a austeridade é o único caminho. Queremos
trabalhar por um futuro melhor que invista nas pessoas, através da modernização do Estado, através da
promoção de um futuro mais verde, que apoie a inovação, que melhore as infraestruturas, que suporte as
pequenas e médias empresas e a economia real. Queremos trabalhar em conjunto nos nossos compromissos
comuns, num total respeito pelas especificidades nacionais.
Aplausos do PS.
O Sr. Presidente (Guilherme Silva): — Para uma intervenção, tem a palavra o Sr. Deputado Jerónimo de
Sousa.