I SÉRIE — NÚMERO 101
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intransigente e inflexível no combate aos criminosos, às redes de tráfico e aos novos negreiros, que põem
pessoas em barcos para os abandonar no meio do Mediterrâneo.
Aplausos do CDS-PP e do PSD.
E também importa, Sr. Primeiro-Ministro — e com isto termino este tema —, pensarmos numa parceria
estratégica, onde Portugal pode ter um papel central de colaboração com o desenvolvimento do sul do
Mediterrâneo, porque só o crescimento e a riqueza permitirão que este problema não se vá perpetuando.
O Sr. Nuno Magalhães (CDS-PP): — Muito bem!
O Sr. Telmo Correia (CDS-PP): — O segundo tema, de uma forma rápida, Sr. Primeiro-Ministro, até para
lhe pedir uma opinião, é uma questão que nos parece central: o acordo de comércio livre e, designadamente,
a situação desse acordo de comércio livre entre a Europa e os Estados Unidos da América. Temos tido
algumas vicissitudes na posição americana, mas parece-nos que a posição portuguesa deve ser uma posição
de firmeza, uma posição de dar relevância a esse acordo, de considerar que ele é desejável, até porque um
País que, neste momento, está a crescer 6,8% sobre o seu melhor ano em termos de exportações tem todo o
interesse numa parceria transatlântica que coloca obviamente Portugal no centro do Atlântico, enquanto País
em crescimento e País exportador.
O Sr. Nuno Magalhães (CDS-PP): — Muito bem!
O Sr. Telmo Correia (CDS-PP): — Finalmente, Sr. Primeiro-Ministro, o tema central deste debate: a
questão da Grécia.
A questão da Grécia envolve dois pressupostos. Primeiro pressuposto: é desejável que a Grécia se
mantenha na União Europeia e é desejável que a Grécia se mantenha no euro. Segundo pressuposto: para
isso, é indispensável que as regras sejam cumpridas.
Colocados estes dois pressupostos, Sr. Primeiro-Ministro (e até falando um bocadinho de várias verdades
aqui referidas no debate), gostaria de dizer o seguinte: a verdade indiscutível é a de que o ponto de partida do
atual Governo grego não é igual, mas é, em alguma medida, semelhante ao ponto de partida do Governo que
V. Ex.ª dirige. O ponto de partida é parecido: é uma pré-bancarrota. A diferença está em que Portugal, de
facto, fez, e fez bem, o seu caminho e que, infelizmente, a Grécia e o Governo grego não parecem estar a ser
capazes de fazer esse mesmo caminho.
Vozes do CDS-PP: — Muito bem!
O Sr. Telmo Correia (CDS-PP): — Essa é a questão.
Isto demonstra, logo à partida, e entre outras coisas, Sr. Primeiro-Ministro, que não é possível assumir
responsabilidades e tentar tirar o seu povo de uma situação de emergência — e essa é a responsabilidade de
qualquer governo —, tentando governar com uma agenda de partido de protesto.
O Sr. Nuno Magalhães (CDS-PP): — Muito bem!
O Sr. Telmo Correia (CDS-PP): — Não é possível, não é possível governar com uma agenda de partido de
protesto!
Como não é aceitável usar este argumento: «Nós não pagamos porque alguém, a seguir, pagará a nossa
dívida, a que já temos ou a que estamos a tentar contrair agora». Isto também não é possível, nem aceitável.
Por outro lado, Sr. Primeiro-Ministro, o impasse nas negociações da Grécia com a União Europeia é um
absurdo, porque este impasse não interessa à União Europeia e seguramente não interessa também à Grécia.
E é evidente que Portugal, com a credibilidade que ganhou, com a autoridade que hoje Portugal tem por
ser citado por toda a gente, internacionalmente, como o exemplo contrário, como o exemplo de sucesso, do
País que conseguiu vencer uma situação de crise, Portugal tem de dizer que, nesta questão, deve haver