20 DE JUNHO DE 2015
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menos tática e mais compromisso, deve haver menos chantagem — incluindo chantagem de Moscovo — e
mais realismo, mais realismo comunitário, deve haver muito menos radicalismo e seguramente muito mais
bom senso.
Vozes do CDS-PP: — Muito bem!
O Sr. Telmo Correia (CDS-PP): — Por outro lado, é desejável que haja uma maior capacidade autónoma
orçamental da zona euro, como aqui foi dito, porque isso é fundamental para prevenir crises no futuro. Assim
como é necessário reforçar, como sempre defendemos, e bem, os mecanismos de governação económica da
zona euro.
Portugal está hoje, porque conseguiu cumprir o seu programa e sair da situação difícil em que se
encontrava há quatro anos, numa posição central para poder juntar a sua voz à daqueles que defendem a
solidariedade europeia, mas solidariedade essa que só é possível numa base de responsabilidade. Portugal
pode e deve estar no centro dessa discussão.
Aplausos do CDS-PP e do PSD.
O Sr. Presidente (Guilherme Silva): — Para uma intervenção, tem a palavra o Sr. Deputado António
Rodrigues.
O Sr. António Rodrigues (PSD): — Sr. Presidente, Sr. Primeiro-Ministro, Srs. Membros do Governo, Sr.as
Deputadas e Srs. Deputados: Este é também o último debate preparatório do Conselho Europeu que temos
nesta Legislatura. É o último, mas foi instituído nesta Legislatura.
Pela primeira vez, um Governo, este Governo, por iniciativa deste Parlamento, antes de cada um dos
Conselhos Europeus, dirigiu-se não só ao Parlamento, mas também ao País, para dizer, antecipadamente, o
que queria da Europa, o que queria do debate europeu. Pela primeira vez, este Governo assumiu, com
clareza, as suas posições.
Há aqui uma questão importante em que importa desfazer um mito: a Europa não é apenas a Grécia, a
Europa são 28 Estados onde Portugal também está incluído e com que Portugal tem preocupação. Por isso,
não olharemos apenas e só para um Estado, Estado esse que pode pôr em causa a sobrevivência dos outros
27 Estados.
Por isso, a nossa preocupação não é apenas e só discutir aqui a questão da Grécia, sendo que, em relação
à Grécia, também temos uma posição muito clara: queremos, desejamos e pugnaremos por um acordo, para
além das questões técnicas, para além das questões financeiras, para além das questões que são
comezinhas. Não discutiremos décimas, discutiremos princípios, e esses princípios têm sido violados. E este é
também um mito que importa aqui desfazer! Por exemplo, não fomos nós que, ontem, convocámos uma
manifestação sem incidência partidária, à frente do Parlamento grego, daqueles que estão preocupados com a
falta de seriedade do Governo grego. Não somos nós que falamos aqui em nome do povo grego, somos nós
que nos preocupamos aqui, em nome do povo português, com aquele que é o nosso futuro.
Aplausos do PSD e do CDS-PP.
Por isso, queremos, no conjunto, deixar claro que a nossa posição é a de defesa de uma Europa a 28, uma
Europa clara, uma Europa de políticos firmes, mas também uma Europa de políticos coerentes. E importa
também dizer aqui, ainda a propósito da Grécia, que não mudamos de posição a cada três meses de
calendário que passam. Nós não temos uma posição em janeiro, outra em março, outra em maio! Temos tido
uma posição clara, coerente e determinada, relativamente àquele que é o futuro da Europa: sempre dissemos
que queremos a Grécia dentro da Europa, mas não hipotecaremos o nosso futuro. E não deixaremos de dar
um apoio simples e singelo ao povo grego, que merece a nossa preocupação, mas o seu Governo, neste
momento, não merece o nosso respeito.