20 DE JUNHO DE 2015
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Ontem, na Comissão, ainda se admitia que os órgãos de comunicação social tivessem como um dos
critérios importantes a relevância das propostas políticas apresentadas; hoje, este aspeto é eliminado para
apenas se levar em consideração a representatividade adquirida nas últimas eleições. Ou seja,
escandalosamente, do que se trata é de garantir para o sistema a proteção daqueles que estão dentro do
sistema, em detrimento e com discriminação manifesta de todas as outras candidaturas que
constitucionalmente também deveriam ver garantido o princípio da igualdade de oportunidades.
É, por isso, uma consequência lamentável e ainda mais lamentável quando toda esta regra se estende ao
longo de todo o período eleitoral, desde a data da marcação das eleições, durante praticamente dois meses,
até que as eleições tenham lugar.
Falar de autonomia dos órgãos de comunicação social é, por isso, uma pura hipocrisia. O que o PSD e o
CDS aqui vieram fazer hoje é uma homenagem à hipocrisia política, que ficará neste debate e neste diploma
como um caso de estudo de protecionismo ilegítimo por parte daqueles que se julgam no direito de se
protegerem a si próprios.
Aplausos do PS.
O Sr. Presidente (Guilherme Silva): — Para uma intervenção, tem a palavra o Sr. Deputado Telmo Correia.
O Sr. Telmo Correia (CDS-PP): — Sr. Presidente, Sr.as
e Srs. Deputados, aguardámos serenamente todas
as críticas, com o receio, a certo momento, de nos ser dito que teríamos de falar naquela altura ou calarmo-
nos para sempre, o que nos deixou algo preocupados. Ainda bem que não foi assim.
Risos do CDS-PP.
Ouvi agora mesmo dizer que havia aqui um problema de hipocrisia, e que o PS isto, e que o PS aquilo…
Em relação ao «PS isto» e ao «PS aquilo», gostaria de perguntar: qual PS? Qual? O que chega agora aqui,
hoje, ou o outro, que tinha feito a primeira proposta com comissão mista e com visto prévio? Qual PS?
Aplausos do CDS-PP e do PSD.
Já agora, Sr. Deputado, e a propósito de visto prévio, onde é que está esse PS?
O Sr. Nuno Magalhães (CDS-PP): — Onde é que está?!
O Sr. Telmo Correia (CDS-PP): — Onde estão os Deputados que estiveram connosco a negociar esse
primeiro projeto? Não os vejo aí.
Aplausos do CDS-PP.
O Sr. Nuno Magalhães (CDS-PP): — Onde é que eles estão?!
O Sr. Telmo Correia (CDS-PP): — Sr. Presidente, este projeto de lei é feito para responder a um
problema. E o problema foi a existência, em duas eleições consecutivas, de um boicote, que não podemos
ignorar, à cobertura das campanhas eleitorais. Esse problema existe, é um problema real e é um problema
que tem de ser resolvido.
Qual é o coração, qual é a alma do projeto de lei?
Como aqui foi dito, e bem, pelo Sr. Deputado Carlos Abreu Amorim, a alma é aproximar este projeto,
respeitando a Constituição, tanto quanto possível, de uma ideia e de um conceito de liberdade editorial. Essa é
a ideia fundamental, essa é a ideia central, garantindo, ao mesmo tempo, pluralismo e representatividade das
várias forças políticas.
Ou seja, na cobertura noticiosa, o que é que fazemos? Substituímos um conceito igualitário, em que tudo
tem de ter tratamento igual e o mesmo tempo por um conceito a que eu chamei — e penso que com