I SÉRIE — NÚMERO 103
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A lei que foi aprovada foi aprovada por todos. Creio que há aqui a vontade e a iniciativa de que, ao
revisitarmos a lei que foi proposta e aprovada por todos, o façamos também em conjunto, todos os grupos
parlamentares.
Portanto, a nossa primeira palavra para os peticionários é para lhes dizer que saudamos a iniciativa e os
incentivamos a que mantenham acesa esta sua petição, que apela a que voltemos a este regime de
aposentação especial que foi aprovado por unanimidade para fazer as retificações necessárias.
Subscrevemos esse apelo.
A questão não se trata, a nosso ver, de criar uma nova exceção, trata-se de estender a exceção que foi
feita. E isto, do ponto de vista metodológico, jurídico e até de cumprimento constitucional tem a sua diferença,
como sabemos. Portanto, não há novas exceções, há apenas a extensão de uma exceção, não só por uma
razão de equidade que já aqui foi aventada por todos, mas porque há uma discriminação do ponto de vista do
princípio da igualdade, que é um valor constitucional a proteger.
Há situações congéneres e, como tal, têm de ter igual tratamento. Nessa medida, sugerimos que, mais
cedo do que tarde, o conjunto dos grupos parlamentares que se conseguiram juntar — e bem — para aprovar
um regime especial de aposentação, regressem a ele para que possamos fazer a correção. Trata-se de uma
retificação, de uma extensão de uma exceção já existente e não da criação de uma nova exceção.
Aplausos do BE.
O Sr. Presidente (Guilherme Silva): — Srs. Deputados, vamos passar ao último ponto da nossa ordem de
trabalhos, que consiste na apreciação conjunta da petição n.º 476/XII (4.ª) — Apresentada por Suzana Raquel
Matias da Silva Batoca e outros, solicitando à Assembleia da República a assunção de um conjunto de
medidas que permitam a sustentabilidade e promovam a dignificação do ensino artístico especializado, e dos
projetos de resolução n.os
1529/XII (4.ª) — Propõe o financiamento às escolas do ensino artístico
especializado de música e de dança em condições que assegurem a sua estabilidade e um ensino de
qualidade (PCP), 1541/XII (4.ª) — Recomenda ao Governo a salvaguarda do ensino artístico especializado,
mediante a estabilidade do seu modelo de financiamento e das respetivas transferências para as instituições
de ensino (PS) e 1545/XII (4.ª) — Financiamento das escolas do ensino artístico pelo Orçamento do Estado,
garantindo o direito ao ensino artístico de todos os alunos (BE).
Para apresentar o projeto de resolução do PCP, tem a palavra a Sr.ª Deputada Diana Ferreira.
A Sr.ª Diana Ferreira (PCP): — Sr. Presidente, Sr.as
e Srs. Deputados: Em nome do Grupo Parlamentar do
PCP, queria saudar os dinamizadores desta petição, os seus mais de 7000 signatários e saudar também a luta
travada pelas escolas do ensino artístico especializado, pelos professores, alunos e encarregados de
educação, luta que consideramos determinante para exigir do Governo o pagamento das transferências em
atraso e o financiamento adequado.
Os atrasos nas transferências superiores a 6 meses resultaram em salários em atraso, em despedimentos,
em incumprimento de compromissos financeiros com o Estado e instituições financeiras, em instabilidade
pedagógica e em angústia dos profissionais, dos alunos e dos encarregados de educação. E não estando
ainda totalmente resolvida a situação destas escolas, eis que o Governo PSD/CDS-PP anuncia mais um
ataque ao ensino artístico especializado.
O Governo PSD/CDS-PP decidiu, e já a partir do próximo ano letivo, diminuir o custo valor/aluno e
abandonar o financiamento do regime supletivo do ensino artístico especializado. O valor médio a instituir será
inferior ao que é praticado agora, mal chegando para pagar os salários do corpo docente. Esta nova proposta
de financiamento poderá ainda criar desigualdades de tratamento entre as escolas.
O fim do financiamento do ensino supletivo (até agora comparticipado a 50%), criará profundos
constrangimentos nas escolas, já que esta comparticipação é a única fonte de autonomia financeira destas
escolas. O fim do regime supletivo coloca em causa o princípio da igualdade de oportunidades no acesso à
educação.
Sr. Presidente, Srs. Deputados: É fundamental valorizar e defender o ensino artístico especializado e para
tal é imprescindível garantir as condições materiais e humanas para que estas escolas cumpram o seu papel
de formação da cultura integral do indivíduo.