I SÉRIE — NÚMERO 5
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desenvolvimento integrado e sustentável da economia e à afirmação, neste caso, de Portugal na Europa e no
mundo.
O que o PS fez, ao longo da história, pela educação e pelo ensino superior constitui todo um programa, toda
uma visão do País que queremos construir. Para o PS, as qualificações não são, nunca foram, um custo, mas
um imprescindível investimento no futuro.
Não fugindo à importante discussão sobre as condições de acesso e frequência no ensino superior, o Grupo
Parlamentar do PS foi proponente, na discussão do Orçamento do Estado para 2016, do congelamento do valor
máximo das propinas, assim como da proposta de criação de um regulamento nacional de taxas e emolumentos,
cujo estudo de base esperamos ser conhecido muito em breve.
Hoje, o Grupo Parlamentar do PS apresenta a esta Câmara uma proposta que institui um mecanismo
universal obrigatório para pagamento faseado das propinas. Um mecanismo de pagamento em sete prestações,
que não exclui a possibilidade de cada instituição oferecer condições de pagamento alternativas. Um mecanismo
que vem suavizar o esforço, por vezes tão considerável, para o qual os estudantes e os agregados familiares
são convocados no ato de pagamento da propina. Um mecanismo, por fim, que institui um outro princípio do
mais elementar bom senso, o de que quem recebe a bolsa de estudo não deve pagar a propina antes de receber
efetivamente o apoio a que justamente tem direito.
Sr. Presidente, esta proposta não vem resolver os múltiplos problemas que os estudantes, sobretudo os mais
carenciados, enfrentam no ensino superior, mas permite acrescentar um novo grau de justiça, indo também ao
encontro — importa lembrá-lo — de uma velha e antiga reivindicação do movimento associativo estudantil.
O alargamento da base social do ensino superior tem de ser perspetivado de forma ampla, não focando
exclusivamente a discussão em torno do valor das propinas que o PS reconhece como excessivo e um dos mais
elevados da Europa.
Importa garantir um financiamento adequado e reforçado da ação social escolar e também medidas com uma
outra latitude, para que nenhum estudante fique para trás por constrangimentos de natureza financeira.
Por isso, saudamos também as restantes iniciativas em debate, do PCP e do Bloco de Esquerda, que nos
parecem muito relevantes para esta discussão.
Em relação às propostas de congelamento do valor das propinas em todos os ciclos de estudo e ainda que
naturalmente não desejemos que nenhuma instituição aumente o valor da propina, não seria justo forçar a
estabilização desta prestação de igual forma e proporção nas instituições que já aplicam o valor máximo
permitido na lei e naquelas que porventura com algum esforço e consciência social adotaram um valor inferior
nos últimos anos.
Nos 2.º e 3.º ciclos de estudo conferentes de grau de Mestre e de Doutor coloca-se uma questão adicional,
que é a inexistência de um teto máximo de propina. Mas esse problema de fundo e de difícil resolução, dada a
escassez de recursos que o País tem à disposição, também não encontra um horizonte de resposta com estas
propostas.
O Sr. Presidente: — Sr. Deputado, já ultrapassou o seu tempo. Peço-lhe que conclua.
O Sr. João Torres (PS): — Por outro lado, em referência à existência de um mecanismo extraordinário para
regularização de dívidas no ensino superior e ao não reconhecimento do ato académico como única
consequência pelo não pagamento da propina, o PS manifesta abertura para discutir estes projetos de lei,
embora aponte a necessidade de ajustar as propostas a tempos e proporções que diferem das que são
sugeridas.
O Sr. Presidente: — Sr. Deputado, peço-lhe que conclua, por favor.
O Sr. João Torres (PS): — Vou terminar, Sr. Presidente.
O esforço do País para a qualificação das novas gerações e para a necessária redução das desigualdades
sociais é um desafio que deve mobilizar todos, num esforço crescente e permanente, do Governo às instituições,
da Assembleia da República às forças políticas e aos movimentos sociais.
Sr. Presidente, para terminar, sempre que um estudante, sempre que um jovem português é forçado a
abandonar o ensino superior por privação de recursos o País deve corar de vergonha.