7 DE OUTUBRO DE 2016
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O Sr. Presidente (Jorge Lacão): — Sr. Deputado, inscreveram-se dois Deputados para pedidos de
esclarecimento. Como pretende responder?
O Sr. Porfírio Silva (PS): — Em conjunto, Sr. Presidente.
O Sr. Presidente (Jorge Lacão): — Assim sendo, tem a palavra, em primeiro lugar, o Sr. Deputado Nuno
Magalhães.
O Sr. Nuno Magalhães (CDS-PP): — Sr. Presidente, Sr. Deputado Porfírio Silva, devo felicitá-lo por isto: o
Sr. Deputado tem aqui uma posição muito difícil, muito complicada.
Basicamente, o que Sr. Deputado veio aqui dizer foi: «Nós até concordamos, mas não podemos; nós até
queremos, mas não podemos.» E importa perguntar por que é que não podem, porque é isso que a comunidade
educativa quer saber, além de querer também perceber quais são as prioridades do Partido Socialista.
O Sr. Deputado veio aqui dizer que a mudança de ciclos até pode ser boa, mas que não é tempo para a
toma; que a medida relativa aos manuais até pode ser boa, mas não é tempo para a tomar; que estar a discutir
a Lei de Bases, que tem 30 anos, até pode ser bom, mas que não é o local! Sr. Deputado, qual é, então, o local
para o discutir? A Assembleia da República, como local de reflexão de uma área como a educação, parece-lhe
um local inadequado? Confesso que não percebo, Sr. Deputado. Ou, por outra, percebo que é uma questão
puramente de pretexto para fazer aquilo que quer, mas que não pode.
O Sr. Deputado veio ainda dizer que o CDS se apropriou de ideias e que, ao mesmo tempo, não deu espaço
necessário ao debate, às necessárias audições das entidades! Sr. Deputado, ou uma coisa ou outra, entenda-
se! Nós tivemos um grupo de estudo a estudar esta matéria durante meses. Tivemos até uma audição com a
presença do Presidente do Conselho Nacional de Educação.
Por isso, Sr. Deputado, essa é a nossa proposta, é o nosso ponto de partida. Como a Sr.ª Deputada Ana
Rita Bessa disse, não é o nosso ponto de chegada. Com certeza que poderemos discutir, poderemos debater.
E se o Partido Socialista diz que é mais para o Natal, que é mais para janeiro, quando acabar a reflexão, então,
Sr. Deputado, se quer consenso, se quer uma atitude séria e responsável, se quer que a comunidade educativa
tenha estabilidade, viabilize esta proposta. Com certeza que aguardaremos para discutir, na Comissão, a
proposta do Partido Socialista.
Se não for assim, Sr. Deputado, é caso para fazer esta pergunta: de que é que o PS tem medo? Tem medo
da comunidade educativa? Tem medo de debater ou tem medo da geringonça? O que é que coloca em primeiro
lugar: a comunidade educativa e a educação ou o poder e o Governo que se querem perpetuar?
Aplausos do CDS-PP.
O Sr. Presidente (Jorge Lacão): — Para pedir esclarecimentos, tem a palavra a Sr.ª Deputada Emília Santos.
A Sr.ª Emília Santos (PSD): — Sr. Presidente, Sr. Deputado Porfírio Silva, começo por lamentar a ausência
do Sr. Ministro da Educação nesta Câmara quando hoje está em discussão a lei mãe do sistema educativo
português.
Vozes do PSD: — Muito bem!
Protestos da Deputada do PCP Rita Rato.
A Sr.ª Emília Santos (PSD): — Nós, PSD, acolhemos o desafio lançado pelo CDS e estamos disponíveis
para contribuir ativamente neste debate. E estamos disponíveis porque, em primeiro lugar, somos um partido
reformista e, em segundo lugar, porque nunca fechamos a porta ao debate na expectativa de que, em matérias
tão estruturantes como esta, as convergências superem as divergências. É isso que os portugueses esperam
de nós, Srs. Deputados. Os portugueses esperam sobretudo que o interesse público não seja ultrapassado pelo
taticismo político que tem paralisado a bancada socialista.