I SÉRIE — NÚMERO 13
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avançar, de uma forma sustentada, na recuperação de rendimentos e numa partilha mais justa da prosperidade
gerada pelo trabalho.
Por esse motivo, valorizamos a concertação social, valorizamos o diálogo social, valorizamos a contratação
coletiva e achamos essencial que seja desbloqueada. A mensagem que temos dado aos parceiros sociais é a
de que é necessário desbloquear a contratação coletiva, por forma a que o Estado não tenha de utilizar os
mecanismos previstos na lei para que a contratação não se mantenha bloqueada.
Temos de avançar, simultaneamente, na criação de condições para que as empresas, em particular as
pequenas e médias empresas, possam investir. Para isso é essencial a prioridade que demos à aceleração da
execução dos fundos comunitários, é essencial a estabilização do sistema financeiro e é necessário criar
condições para que a tesouraria das pequenas e médias empresas não seja tão asfixiada e as empresas tenham
melhores condições para poder investir, criar postos de trabalho, gerar riqueza e contribuir para o
desenvolvimento do País.
É necessário, de facto, atrair o investimento direto estrangeiro, mas é preciso sabermos bem o que queremos
atrair, porque não basta termos investimento direto que venha comprar o que já cá está. O que nos interessa —
disse, e bem, Sr. Deputado — é investimento que traga novos ativos, que gere novos empregos, que gere nova
riqueza ao produzir. Esse é o esforço que é necessário fazer, e penso que estamos todos juntos para o poder
fazer.
Aplausos do PS.
O Sr. Presidente: — Tem ainda a palavra o Sr. Deputado Jerónimo de Sousa.
O Sr. Jerónimo de Sousa (PCP): — Sr. Presidente, Sr. Primeiro-Ministro, permita-me que coloque mais uma
questão relevante.
Não desconhecemos que, tal como em 2016, o Orçamento do Estado para 2017 está confrontado com
enormes pressões, constrangimentos e até chantagens e ameaças, tanto internas como externas, que é
necessário enfrentar e não claudicar.
Mas há um conjunto de medidas relativamente às quais gostaríamos de obter uma resposta do Governo, que
têm a ver com um dos elementos que mais penaliza a vida das famílias e o desenvolvimento da atividade
económica, que é o custo da energia e dos combustíveis.
A situação a que chegámos, com uma das faturas energéticas mais caras da Europa, é insustentável,
penaliza duramente as condições de vida dos portugueses e compromete, igualmente, a atividade económica,
em particular das pequenas e médias empresas.
Esta situação não está desligada da privatização, segmentação e liberalização do sistema eletroprodutor e
da refinação do petróleo. E também não está desligada do controlo deste setor pelos monopólios privados, em
geral dominados pelo capital estrangeiro.
A questão que se coloca, portanto, é a de tomar medidas para reduzir os custos de eletricidade, do gás, dos
combustíveis, refletindo-o nas tarifas: reduzir os custos da eletricidade, com a garantia de potência, iniciando
um processo com vista à eliminação de contratos que garantem rendas históricas às empresas eletroprodutoras,
pondo fim a benefícios indevidos e que foram pagos durante anos na área das energias renováveis; reduzir os
custos com o gás natural, reduzindo as tarifas com os fundos libertados pela devolução aos consumidores das
margens absorvidas pela Galp nos contratos com a Argélia e com a Nigéria; reduzir os custos do preço do gás
de garrafa, nomeadamente reduzindo-o por via da redução tributária…
O Sr. Presidente: — Peço-lhe que conclua, Sr. Deputado.
O Sr. Jerónimo de Sousa (PCP): — Peço só 10 segundos, Sr. Presidente.
Refiro ainda a redução dos custos com os combustíveis, a partir de medidas que o PCP trará aqui à
discussão, no dia 27 de outubro, com um sistema de fixação de preços adequados às necessidades das famílias,
das empresas, do desenvolvimento das atividades económicas do nosso País, para evitar a desigualdade em
relação a outros países.