I SÉRIE — NÚMERO 15
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emergência social. Não é demais lembrar que, durante quatro anos, o Bloco de Esquerda relembrou a autora
desta lei, a então ex-Ministra Assunção Cristas, da tragédia social que estava já a desenhar-se pouco tempo
depois da sua aprovação.
Foi esta a marca da governação do CDS-PP enquanto esteve no Governo. O ataque aos direitos sociais,
uma lei à medida dos grandes proprietários, o agravamento das condições de vida das pessoas com menos
rendimentos, idosos e pessoas com deficiências e o despejo de milhares de famílias fragilizadas.
No entanto, como hoje, nunca quiseram ouvir ninguém sobre a realidade, nem os técnicos do IHRU (Instituto
da Habitação e da Reabilitação Urbana), que já na altura avisaram para esta situação, nem os Deputados e as
Deputadas de várias bancadas parlamentares, nem os apelos de quem precisava de ajuda, porque sempre
preferiram ignorar a realidade e as consequências dos vossos atos.
Por isso, é tão importante que tenhamos conseguido chegar a um momento político diferente, em que é
possível existir um debate sério sobre esta temática e encontrar soluções para travar as injustiças mas, acima
de tudo, impedir novas situações de injustiça.
O Sr. Pedro Filipe Soares (BE): — Muito bem.
A Sr.ª Isabel Pires (BE): — Consideramos que estas medidas são vitais para a reposição de direitos e
garantias à parte mais desprotegida na relação entre senhorio e arrendatário. Não pode nem mais um inquilino
ficar à mercê das disposições de um senhorio sem que tenha acesso a proteção legal. Também o mercado de
arrendamento tem de ter regras claras e, quando há uma parte mais fraca, essa parte deve e tem de ser
protegida.
Sem prejuízo de outras medidas que consideramos essenciais para a reposição da justiça social, a aprovação
do prolongamento do período de transição do regime de arrendamento urbano até 2027 é, neste momento,
fundamental.
E por falar em dinamização do mercado de arrendamento, em impulsionar o mercado de arrendamento, que
supostamente é um grande argumento da direita, não houve qualquer dinamização do mercado de
arrendamento, a política não foi de dinamização, mas, sim, de exclusão, de expulsão de pessoas, de idosos das
suas casas, de pequenos comerciantes das suas lojas, de estudantes das repúblicas.
O Sr. Pedro Filipe Soares (BE): — Bem lembrado!
A Sr.ª Isabel Pires (BE): — Portanto, não vale a pena ignorar a realidade, como fizeram nos últimos quatro
anos, e está na hora de decidirem se vão ou não querer mudá-la, apoiando estes projetos.
Aplausos do BE.
A Sr.ª Presidente (Teresa Caeiro): — Para uma intervenção, tem a palavra a Sr.ª Deputada Berta Cabral.
A Sr.ª Berta Cabral (PSD): — Sr.ª Presidente, Sr.as e Srs. Deputados: Debatemos aqui, hoje, novamente, o
tema do arrendamento, desta vez através da apresentação de um projeto de lei do Partido Comunista Português.
De facto, esta é uma matéria já largamente abordada e em cujo âmbito o PSD e o CDS-PP introduziram
alterações muito significativas, algumas delas já com resultados visíveis.
Vale a pena recordar que a estratégia nacional da habitação, aprovada na anterior Legislatura, teve como
principais objetivos: a articulação do desenvolvimento dos aglomerados urbanos, a reabilitação urbana, a
revitalização demográfica e económica, enquanto partes integrantes do universo da política de cidades, mas,
também — e importa referir, porque esta é uma questão essencial — promover o acesso à habitação e à melhor
qualidade de vida dos cidadãos, através de medidas transversais e de soluções urbanas sustentáveis.
Foi uma estratégia assente no sentido de facilitar o acesso das famílias a uma habitação condigna, uma
política estruturante que proporciona mais oportunidades e mais justiça social às famílias e, sobretudo, aos
jovens, a nível do alojamento, mas também a nível da mobilidade residencial.