27 DE OUTUBRO DE 2016
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recursos do Orçamento do Estado durante dezenas de anos. Mas impunham-se medidas urgentes que
repusessem a capacidade de resposta das empresas. Essas medidas não foram tomadas e a situação está a
degradar-se cada vez mais.
A supressão de carreiras e circulações na Carris, na STCP, na Transtejo e na Soflusa é uma realidade
praticamente rotineira. Os tempos de espera no metropolitano atingem limites de que não há memória. Espera-
se para comprar bilhete ou pagar o passe, espera-se para embarcar, tantas vezes à segunda ou à terceira
tentativa, para viajar como sardinha em lata.
A fiabilidade e a segurança da operação degradam-se a níveis mais do que preocupantes. O caso da Linha
de Cascais, da CP (Comboios de Portugal), com supressões frequentes na oferta e alguns acidentes que até
agora não tiveram consequências demasiado graves, é o exemplo mais paradigmático, além dos comboios com
mais de 50 anos, ressuscitados em cada dia pelos trabalhadores da EMEF (Empresa de Manutenção de
Equipamento Ferroviário) e da CP.
Por seu turno, está hoje muito claro, e todos os dados demonstram, o que seria a privatização do sistema de
transportes públicos e os famosos benefícios para os utentes, tão propagandeados pelo PSD e pelo CDS-PP:
enormes custos para os utentes e para o Estado sem qualquer investimento na qualidade do serviço. Aliás, do
lado dos operadores privados a experiência concreta também é esclarecedora: veja-se o caso da Transportes
Sul do Tejo (TST).
Há poucos meses, a Assembleia da República aprovou, por unanimidade, uma resolução defendendo
medidas imediatas em relação à TST, perante uma atuação de verdadeiro abandono das populações, alterando
horários, suprimindo circulações, utilizando viaturas sem condições. Até agora não há registo de que essas
medidas tenham sido tomadas e há um silêncio preocupante por parte das autoridades neste domínio.
Quanto às empresas públicas do setor, a audição do Ministro do Ambiente na comissão parlamentar
agendada por iniciativa do PCP foi bem ilustrativa da situação que o País e o setor têm vivido: o Governo a
apresentar respostas limitadas e insuficientes, o PCP a denunciar e a alertar para os problemas e o PSD a rir à
gargalhada quando confrontado com as suas próprias responsabilidades! As coisas chegaram a este ponto e é
preciso dizer «basta!».
Aplausos do PCP.
Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados, foi com o empenhamento do PC, e dando expressão à luta dos
trabalhadores e do povo, que foi possível tomar medidas de reposição de direitos e rendimentos extorquidos.
Mas é indispensável avançar neste caminho de forma consequente. E este caminho haverá de dar mais frutos
com a luta e a iniciativa de todos aqueles que, como nós, não desistem de exigir e de contribuir para uma nova
política.
Por isso, saudamos os utentes dos transportes que nesta semana realizam dezenas de ações em estações
e terminais, depois das importantes jornadas conjuntas com o movimento sindical.
Saudamos a luta dos trabalhadores que têm vindo a manifestar, com o profissionalismo e a dedicação de
sempre, a sua exigência de uma mudança verdadeira e de uma resposta efetiva aos problemas que estão
colocados: os trabalhadores da EMEF, que se mobilizam e lutam contra o despedimento de cerca de 20
trabalhadores com vínculos precários nas oficinas da EMEF de Lisboa — estes trabalhadores devem ser
contratados como efetivos e não atirados para o desemprego; os trabalhadores da Carristur, pelas greves e
manifestações que realizaram em defesa da contratação coletiva e por melhores direitos e melhores salários;
os trabalhadores da Transtejo, da Soflusa, da Metro de Lisboa, da Carris, da STCP, do setor ferroviário, que nas
suas empresas e locais de trabalho lutam por um melhor serviço às populações e por medidas concretas para
os problemas.
As propostas do PCP comprovam que a alternativa existe e que ela implica uma rutura com o caminho que
tem sido seguido. Há soluções, com uma política capaz de responder aos problemas com que o povo e o País
se confrontam. Não desistiremos de trabalhar e de lutar por essa alternativa, por essa mudança urgente e
indispensável. É para isso que podem continuar a contar connosco.
Aplausos do PCP e de Os Verdes.