27 DE OUTUBRO DE 2016
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Aplausos do PCP e de Os Verdes.
O Sr. Presidente: — Chegámos ao fim do debate sobre este ponto da ordem do dia.
De seguida, faremos a apreciação conjunta da petição n.º 66/XIII (1.ª) — Apresentada por António Carlos
Carvalho e outros, solicitando à Assembleia da República que proceda à aprovação de um regime especial de
aposentação para os docentes da educação pré-escolar e do 1.º ciclo do ensino básico, e do projeto de resolução
n.º 527/XIII (2.ª) — Recomenda ao Governo a valorização de longas carreiras contributivas (BE).
Para apresentar o projeto de resolução, tem a palavra a Sr.ª Deputada Joana Mortágua.
A Sr.ª JoanaMortágua (BE): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados: Em primeiro lugar, cabe-me saudar
os peticionários que aqui se encontram presentes — a quem peço desculpa por estar de costas — e todos os
professores do 1.º ciclo, que, de certeza, partilham as preocupações que esta petição nos trouxe.
Esta é uma boa oportunidade para o Bloco voltar a trazer à Assembleia uma reivindicação de sempre: o
direito à reforma para quem trabalhou uma vida inteira, para quem começou cedo, para quem trabalhou muito,
para quem descontou muito ao longo de 40 anos de descontos, ao longo de 40 anos de carreira contributiva.
Ou seja, o direito a poder aposentar-se.
Na nossa perspetiva, esse é um direito individual de cada trabalhador e é uma responsabilidade da sociedade
enquanto coletivo para com o contributo de cada trabalhador para a sociedade.
Mas hoje propomos uma visão um pouco mais ampla sobre esta questão da valorização das carreiras
contributivas. Propomos que o Governo e as Deputadas e os Deputados olhem para a valorização de longas
carreiras contributivas também como uma forma de dinamizar a economia e como uma forma de melhorar a
qualidade dos serviços públicos.
O PSD e o CDS trouxeram a esta Assembleia, hoje, discursos de preocupação para com os funcionários
públicos e, por isso, acho que estamos no bom caminho para aprovar este projeto de resolução, que prevê a
aposentação com 40 anos de descontos, independentemente da idade. E, sobretudo, propomos também que
pensem na importância que uma medida desta natureza teria na escola pública.
É reconhecido e consensual que o corpo docente da escola pública está envelhecido, tem sido levado a um
envelhecimento forçado, porque fecham-se as portas da escola aos mais novos e obrigam-se os mais velhos a
ficar até cada vez mais tarde. Hoje, temos um corpo docente que está desmobilizado e isso afeta, naturalmente,
a qualidade da escola pública, porque estes professores e estes docentes — 47% deles estão acima dos 50
anos e apenas 0,9% estão abaixo dos 30 anos —, por muito que gostem de ensinar e por muito que queiram
fazer muito bem aquilo que sabem fazer, também já estão cansados e já merecem o seu direito ao descanso. É
que educar uma turma de 25, 26 ou 30 alunos não é tarefa fácil para nenhum de nós, muito menos para alguém
que já trabalhou uma vida inteira.
Há um outro problema: grande parte das nossas escolas tem a sua maioria do corpo docente envelhecida, o
que quer dizer que muito em breve e em poucos anos veremos sair das escolas a maioria do corpo docente.
Está em causa a transmissão do património, da identidade, do conhecimento que estes professores têm e que
devem ser transmitidos à próxima geração de docentes. Não estamos a permitir essa transmissão e vamos ter
um problema sério quando 50% dos professores saírem de uma só vez das escolas públicas.
O Sr. Presidente: — Peço-lhe que conclua, Sr.ª Deputada.
A Sr.ª JoanaMortágua (BE): — Termino, Sr. Presidente.
Além de pensarmos na valorização dos docentes do 1.º ciclo — e é preciso pensar sobre isso porque eles
têm sido discriminados —, temos de pensar nesta questão da reforma dos professores como uma questão
importante para a qualidade da escola pública.
Aplausos do BE.
O Sr. Presidente: — Para uma intervenção, tem a palavra a Sr.ª Deputada Maria Germana Rocha, do Grupo
Parlamentar do PSD.