I SÉRIE — NÚMERO 17
66
O PCP considera que o direito à reforma adquirido ao longo de vários anos de trabalho é um direito essencial
dos trabalhadores que deve ser valorizado.
Nesse sentido, temos apresentado, ao longo dos vários anos, várias iniciativas legislativas e já na presente
Legislatura destacamos o projeto de lei n.º 140/XIII (2.ª), que valoriza as longas carreiras contributivas,
garantindo a antecipação da pensão sem penalizações aos beneficiários que completem 40 anos de descontos.
Quanto ao setor da educação, é amplamente reconhecido o desgaste físico e psicológico que os educadores
de infância e os professores sofrem ao longo das suas carreiras, desgaste esse que conduz a uma enorme
pressão e sobrecarga sobre o docente e leva a que se comprometa não só a qualidade da prática pedagógica
como a qualidade do próprio ensino, por isso apresentámos também o projeto de resolução n.º 441/XIII (2.ª).
A verdade é que, no nosso País, são inúmeros os exemplos de longas carreiras contributivas de
trabalhadores para quem a situação compreensivelmente se agrava nos setores de atividade mais desgastantes
e o que acontece é que, mesmo com 40 anos de contribuições, se estes trabalhadores decidirem reformar-se
antes dos 65 anos de idade vão sofrer enormes reduções no valor das suas pensões, com a aplicação do fator
de redução imposto pelos mecanismos de flexibilização da idade de reforma.
O PCP sempre defendeu a valorização das longas carreiras contributivas, carreiras que revelam a vinculação
dos trabalhadores à segurança social, refletem os seus descontos ao longo de uma vida inteira de trabalho no
financiamento da proteção social que lhes é devida, assegurando também a solidariedade intergeracional.
Devem, assim, ser devidamente valorizadas no que concerne aos direitos que lhes estão associados em matéria
de idade de reforma e no direito a uma pensão digna. Se isto for feito considera o PCP que se está não só a
valorizar direitos de proteção social devidos aos trabalhadores como também a incentivar os trabalhadores, em
geral, e, em particular, as novas gerações de trabalhadores a inscreverem-se na segurança social.
Em defesa do direito de aposentação dos trabalhadores da Administração Pública, incluindo os educadores
de infância e os professores, consideramos que se deve trabalhar, desde já, no acesso à reforma sem
penalizações ou reduções para os trabalhadores com longas carreiras contributivas, bem como se proceda à
identificação das medidas e condições que permitam a aplicação dos regimes de aposentação relativos a
situações específicas.
É no respeito pelo contributo que milhares de trabalhadores já deram ao País, à produção de riqueza e ao
sistema público da segurança social que o PCP entende ser esta uma proposta da mais elementar justiça, e é
por isso que reafirmamos o compromisso de continuar a luta e a intervir nesta matéria.
Aplausos do PCP.
O Sr. Presidente: — Para uma intervenção, tem a palavra a Sr.ª Deputada Maria Augusta Santos.
A Sr.ª Maria Augusta Santos (PS): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados: O Grupo Parlamentar do
Partido Socialista saúda os peticionários, reconhecendo as preocupações apresentadas.
Os peticionários solicitam à Assembleia da República um regime especial de aposentação para os docentes
da educação pré-escolar e do 1.º ciclo do ensino básico, sustentando o seu pedido numa análise comparativa
do tempo de serviço prestado pelos docentes dos diversos níveis de ensino.
Sem dúvida que as questões relativas ao tempo de serviço, bem como a sua gestão nos diferentes ciclos,
merecem ser consideradas. Aliás, essa questão é uma das que importa às condições globais do exercício do
trabalho docente na educação pré-escolar e no 1.º ciclo do ensino básico, como, aliás, tem sido assinalado por
diversas vozes dos professores, incluindo sindicatos.
Estamos atentos e esperamos que as negociações com a tutela, que mais cedo do que tarde deverão ser
iniciadas, resultem em progressos também nesta matéria.
Sr.as e Srs. Deputados: É inquestionável que ser professor, por razões que todos nós conhecemos e
reconhecemos, é uma tarefa cada vez mais exigente, cujo contributo para o futuro da nossa sociedade é
imprescindível, justificando, por isso, um maior reconhecimento social e político.
A valorização social e profissional dos professores, de todos os professores, nas suas múltiplas dimensões,
é primordial num sistema educativo que todos queremos cada vez mais eficaz e mais eficiente e, por isso, com
máxima qualidade.