I SÉRIE — NÚMERO 17
70
potencialidade de desenvolvimento, para que setores económicos em que queremos apostar e para que
desenvolvimento harmonioso, equilibrado e sustentável em que queremos apostar. De facto, no turismo, na
pesca, na agricultura, na cultura de bivalves, etc., nada disto, em harmonia, se compatibiliza com uma
possibilidade de pesquisa e exploração de hidrocarbonetos no Algarve.
Nesse sentido, Os Verdes, mais uma vez, consideraram que, com a discussão da petição, por arrastamento,
era de trazer iniciativas legislativas à Assembleia da República, e aquilo que propomos é, por um lado, uma
alteração à lei de avaliação de impacte ambiental, para que nada fique de fora relativamente a esta matéria, e,
por outro lado, novamente, a suspensão dos contratos para a promoção de um amplo debate público com a
população e com todos os agentes interessados na região. Este debate não foi feito de uma forma ampla. E a
pergunta que fazemos é a seguinte: que medo há em debater?
Por outro lado, e mesmo para terminar, gostaria de registar a seguinte questão: o Governo já disse que não
celebraria nenhum novo contrato. Para nós não chega, como é evidente, porque há contratos em vigor. Mas o
Governo que entenda, de uma vez por todas, que nós também não aceitaríamos qualquer renovação de
contrato, e aqui estamos para bater o pé relativamente a essa matéria.
O Sr. Presidente: — Para uma intervenção, tem a palavra o Sr. Deputado António Eusébio, do Grupo
Parlamentar do PS.
O Sr. António Eusébio (PS): — Sr. Presidente, Srs. Deputados: Em primeiro lugar, gostaria de cumprimentar
os peticionários por esta iniciativa e por proporcionarem um debate público sobre um dos temas da maior
importância para o Algarve, envolvendo cidadãos, autarcas, empresários e agora a própria Assembleia da
República.
Saúdo-vos também pela forma como têm conseguido informar os cidadãos sobre os possíveis impactos que
uma medida destas pode ter numa região com elevada dependência do turismo, do mar e, também, com uma
elevadíssima biodiversidade, em que mais de 35% do seu território é protegido por convenções e legislação.
O Algarve é uma das regiões nacionais onde o turismo apresenta uma maior relevância económica e é a que
mais contribui para o produto interno bruto proveniente do turismo.
Neste sentido, consideramos que não devem ser adotados procedimentos que possam pôr em causa as
mais-valias que o Algarve oferece neste setor, mas, sim, tudo devemos fazer para o preservar.
A prospeção, pesquisa, desenvolvimento e produção de hidrocarbonetos podem acarretar riscos ambientais.
Em julho, foi aprovado, nesta Assembleia, um projeto de resolução e o Governo já adotou medidas para acolher
essas recomendações.
Reiteramos e consideramos crucial a realização de estudos de impacte ambiental para qualquer ação de
prospeção, devendo o Governo acompanhar a génese e, em especial, a execução dos contratos hoje em vigor,
com o intuito de prevenir e acautelar os eventuais riscos de uma prospeção de petróleo e/ou gás natural no
Algarve.
Não obstante, importa ter em conta que, muito recentemente, Portugal iniciou um processo de ratificação do
acordo denominado COP21 e os visíveis efeitos das alterações climáticas, com um ritmo cada vez mais
acelerado, recomendam a necessidade de melhorar o desempenho energético de cada região.
O modelo de captação de energia através dos hidrocarbonetos afasta-se cada vez mais das metodologias
inovadoras e sustentáveis que surgiram ao longo das últimas décadas. Um dos meios para alcançar esse fim
será, sem dúvida, o recurso às energias provenientes de fontes renováveis.
O Sr. Presidente: — Tem de concluir, Sr. Deputado.
O Sr. António Eusébio (PS): — Vou concluir, Sr. Presidente.
A região do Algarve tem recursos suficientes para fomentar este tipo de energia, nomeadamente energia
solar e eólica, podendo o Algarve ser colocado num lugar pioneiro no que diz respeito à sustentabilidade
ambiental.
Por isso, Sr. Presidente, deve o Governo também considerar como prioridade a implementação e
concretização de novos projetos de energias renováveis na região do Algarve, apostando-se também no reforço
da rede elétrica disponível.