I SÉRIE — NÚMERO 21
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A ação do PCP foi ainda decisiva no âmbito do apoio aos desempregados, no apoio aos doentes e na
resposta a problemas dos profissionais de saúde, na resposta aos estudantes — com o apoio a estudantes
carenciados — ou em matérias de política fiscal, onde é hoje possível, também, estarmos a discutir propostas
de tributação mais adequada dos grandes grupos económicos e financeiros e de alívio da carga de impostos
sobre os trabalhadores e o povo. Para tudo isso foi decisiva a ação do PCP, e essas propostas que o PCP traz
à discussão na especialidade vão nesse sentido.
Deixo ainda uma última palavra, Sr.as e Srs. Deputados, relativamente às propostas do PSD e do CDS-PP
com que nos confrontaremos neste debate na especialidade. A forma que o PSD e o CDS-PP encontraram para
esconder a sua verdadeira intenção de regressar à política do passado foi a de apresentarem propostas que
dizem exatamente o contrário daquilo que fizeram nos últimos quatro anos.
A Sr.ª Rita Rato (PCP): — Exatamente!
O Sr. João Oliveira (PCP): — E, em alguns casos, Sr.as e Srs. Deputados, fazem-no com absoluto
descaramento. PSD e CDS-PP, que durante quatro anos congelaram e cortaram pensões, apresentam agora
propostas ao contrário, à espera que lhes demos algum tipo de credibilidade.
Protestos do CDS-PP.
PSD e CDS-PP, que durante quatro anos chumbaram sucessivamente propostas de redução do pagamento
especial por conta, vêm hoje apresentar propostas exatamente ao contrário daquilo que fizeram.
Vozes do PSD: — Quase assaltámos o País!…
O Sr. João Oliveira (PCP): — E, Sr.as e Srs. Deputados, não menos absurda — não se trata de uma questão
de absurdo, mas sim de uma questão de propaganda e de demagogia — é a proposta relativamente ao metro.
Depois de quatro anos a cortarem investimentos no metro, depois de quatro anos a despedirem
trabalhadores, a comprometer a operacionalidade do metro, vêm agora propor investimentos. Haja vergonha,
porque descaramento não falta!
Para terminar, Sr.as e Srs. Deputados, para o PCP, o enquadramento deste Orçamento do Estado continua
a ser este: valorizamos os avanços e consideramos que a resposta deve ir mais além. A resposta aos problemas
do País precisa de ser outra. Mas, para ser outra, precisamos também de nos libertar dos constrangimentos,
que continuam a manter-se na discussão do Orçamento do Estado, relativamente à dívida, ao euro, à
necessidade de enfrentar o domínio do capital monopolista no nosso País. Também para isso apresentaremos
propostas para serem discutidas na especialidade.
Aplausos do PCP.
O Sr. Presidente: — Tem a palavra o Sr. Deputado Duarte Pacheco, do Grupo Parlamentar do PSD.
O Sr. Duarte Pacheco (PSD): — Sr. Presidente, Srs. Membros do Governo, Sr.as e Srs. Deputados: Após as
audições em Comissão e as explicações, em regra, não dadas pelos membros do Governo às perguntas dos
Deputados, estamos a iniciar, em Plenário, o debate na especialidade do Orçamento do Estado.
É um Orçamento que, sabemos, tem o apoio do PS, do Bloco de Esquerda e do PCP, apesar de alguns
Deputados se torcerem nas cadeiras com o apoio que lhe estão a dar.
É um Orçamento que assenta numa execução orçamental que teve de recorrer a medidas extraordinárias
para não ficar longe das metas prometidas: desde um corte no investimento público nunca visto — em cima de
um valor já baixo de investimento — a cativações permanentes superiores a 400 milhões de euros, degradando
até ao limite a qualidade dos serviços públicos para os cidadãos, adiando a antes urgente capitalização da Caixa
Geral de Depósitos, tudo isto constitui um verdadeiro plano b para que as metas não fiquem longe do prometido.
É também um Orçamento que assenta num crescimento económico inferior ao que o Governo herda, e que
só recuperou, pasme-se!, com o modelo que o PSD sempre defendeu, assim mostrando o falhanço da estratégia