I SÉRIE — NÚMERO 21
6
A Sr.ª Mariana Mortágua (BE): — Não encontrámos o aumento do IVA (imposto sobre o valor acrescentado)
da restauração, não encontrámos cortes nos apoios sociais, não encontrámos a manutenção da sobretaxa, não
encontrámos o congelamento das pensões, não encontrámos, sequer, o fim dos cortes na função pública.
O Sr. Hugo Lopes Soares (PSD): — E o IMI?
A Sr.ª Mariana Mortágua (BE): — Portanto, a primeira boa notícia deste Orçamento é que o programa da
direita se esfumou.
O programa da direita passou de inevitável a indizível! Podemos chamar-lhe, talvez, «aquele cujo nome não
pode ser pronunciado», pelo menos até que apareça um diabo qualquer que salve a direita da sua própria
catástrofe e que lhe permita voltar ao poder com o seu programa.
Aplausos do BE.
O que encontrámos da direita, para além disto, foram propostas oportunistas para cavalgar boas medidas e
vitórias que não aconteceram por causa da direita, mas apesar de e contra os desejos do PSD e do CDS-PP.
O Sr. Jorge Duarte Costa (BE): — Muito bem!
A Sr.ª Mariana Mortágua (BE): — As propostas de alteração a este Orçamento, bem como os avanços que
conseguimos neste processo orçamental são fruto de trabalho, de determinação e de persistência num processo
negocial que não foi fácil, que poderia e deveria ter ido mais longe, mas que tem resultados a apresentar ao
País.
Podemos dizer, hoje, a 9 em cada 10 pensionistas não apenas que acabou o medo de perderem o valor das
suas pensões, mas também que as suas pensões terão um aumento de pelo menos 6 € durante o ano de 2017.
E podemos dizer também aos pensionistas mais pobres que podem e devem requerer o complemento solidário
para idosos porque ele está lá para os poder ajudar e não tem mais os cortes que a direita deixou.
Aplausos do BE.
Podemos agora dizer a 90% dos contribuintes que janeiro já chega sem a sobretaxa do IRS (imposto sobre
o rendimento de pessoas singulares) e podemos dizer aos restantes 10% que a eliminação da sobretaxa do IRS
ocorrerá em novembro e que já nenhum trabalhador terá de esperar por 2019 para não pagar mais sobretaxa,
como propunha a direita.
Podemos, finalmente — e, talvez, tão ou mais importante que estas medidas —, dizer às centenas de
milhares de precários que trabalham para o Estado e que sustentam os serviços públicos no nosso País, que o
Estado português já não mais aceita a sua invisibilidade. A sua invisibilidade acabou!
Há uma maioria, um Governo e um Estado que reconhecem a existência destes precários e, portanto,
podemos dizer-lhes que devem exigir a sua regularização como trabalhadores do Estado português com direitos.
Aplausos do BE.
Esta maioria e o Estado têm o dever de responder à exigência desses precários, vinculando-os ao Estado e
garantindo que o trabalho com direitos existe e que o Estado é uma pessoa de bem.
Este Orçamento só é possível porque não é um Orçamento da direita.
Este Orçamento só é possível e só existe porque não é um Orçamento do bloco central.
Este Orçamento só é possível e só existe porque não é um Orçamento do Partido Socialista.
O Sr. Hélder Amaral (CDS-PP): — É do Bloco de Esquerda!