I SÉRIE — NÚMERO 22
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O Sr. André Silva (PAN): — Sr. Presidente, Srs. Membros do Governo, Sr.as e Srs. Deputados, estamos à
beira de 2017 e somos um País que se diz desenvolvido. Não é compreensível continuarmos a queimar
combustíveis fósseis para produzir eletricidade. Pior, não é entendível que se isentem do pagamento de imposto
sobre produtos petrolíferos as empresas que o fazem. Urge, por isso, priorizarmos a implementação de um
roteiro para a descarbonização, em Portugal.
O PAN apresenta, assim, uma proposta que elimina esta injustificada isenção, gerando uma receita para o
Estado em cerca de 10 milhões de euros anuais.
A importância desta medida é reforçada pelo último relatório da Agência Europeia do Ambiente e pelos dados
da Agência Portuguesa do Ambiente, que indicam que a qualidade do ar em Portugal se deteriorou uma vez
mais no último ano, ultrapassando os limites aconselháveis.
Não podemos continuar a externalizar os custos da queima de combustíveis fósseis para a saúde dos
cidadãos e para os ecossistemas. O Parlamento pode, hoje mesmo, com a aprovação de uma taxa reduzida
sobre estas indústrias, começar a materializar o compromisso expresso pelo Sr. Primeiro-Ministro na COP22, e
muito bem: o de tornar Portugal num País descarbonizado em 2050.
Se a meta é esta, passemos à ação.
O Sr. Presidente (Jorge Lacão): — Tem a palavra a Sr.ª Deputada Rubina Berardo.
O Sr. Rubina Berardo (PSD): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados, quero apenas assinalar que neste
artigo continua a haver mais um aumento de diversos impostos.
O Sr. Presidente (Jorge Lacão): — Vamos passar à proposta de aditamento de um artigo 163.º-A —
Desconto no preço da gasolina consumida na pequena pesca artesanal e costeira.
Para uma intervenção, tem a palavra a Sr.ª Deputada Rosa Maria Albernaz.
A Sr.ª Rosa Maria Albernaz (PS): — Sr. Presidente, Srs. Membros do Governo, Sr.as e Srs. Deputados, a
aprovação desta proposta, apoiada pela bancada do Partido Socialista e por este Governo, demonstra a grande
preocupação que temos com a pesca artesanal, sempre tão esquecida. Exemplo desse esquecimento são os
Srs. Deputados do PSD e do CDS e o anterior Governo de direita.
Apoiar a pesca artesanal com um regime de desconto no preço da gasolina usada nos pequenos motores
permite maior segurança neste tipo de pesca, reduzindo os perigos profissionais, assim como o acesso ao
gasóleo colorido, tão necessário nos tratores que, em terra, são usados para a recolha das redes.
São passos importantes que ajudam uma classe piscatória tão fustigada pela pobreza, onde as crianças e
os idosos são os mais atingidos.
A aprovação, pela minha bancada e pelo Governo socialista, destas propostas, pelas quais durante anos nos
batemos nesta Casa, e graças às quais hoje iremos dar passos importantes em relação à pesca artesanal,
demonstra, mais uma vez, o empenho que temos em não deixar cair a dimensão social, económica, ambiental
e cultural desta classe.
Aplausos do PS.
O Sr. Presidente (Jorge Lacão): — Tem a palavra o Sr. Deputado João Ramos, do PCP.
O Sr. João Ramos (PCP): — Sr. Presidente, na pesca, muitas embarcações usam motores a gasolina, uma
vez que só estes garantem a rapidez e a força propulsiva fundamentais para entrarem no mar em segurança.
Como não existe gasolina à taxa reduzida, esta frota tem um tratamento desigual no acesso aos combustíveis.
O PCP entende que estas embarcações não devem ser discriminadas negativamente e, por isso, propõe a
aplicação de um regime de desconto no preço final da gasolina consumida nas embarcações de pequena pesca
artesanal e costeira equivalente ao que existe para o gasóleo consumido na pesca. Há muitos anos que o PCP
alerta para este problema e, por isso, há muitos anos que apresenta propostas para o resolver.
Os Governos em maioria na Assembleia da República até agora não tinham tido esta disponibilidade.
Saudamos a possibilidade de este problema ser resolvido agora.