I SÉRIE — NÚMERO 24
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Vivíamos um momento essencial: depois de anos de dificuldades, temos finalmente um País livre da troica,
da necessidade de assistências financeiras e de planos de ajustamento, que foi, aliás, o PS que trouxe, facto
que, durante todo este debate, muitas vezes foi escondido, esquecido, omitido, iludido, mas que certamente os
portugueses não esquecerão.
Aplausos do CDS-PP.
Temos também, agora, uma conjuntura que, por enquanto, nos é favorável: a economia europeia está a
crescer; o nosso principal parceiro comercial, Espanha, cresce acima dos 3% — mais do dobro do que nós —;
e o BCE continua a manter uma política de juros baixos.
O Sr. João Galamba (PS): — Em 2014 e 2015?
A Sr.ª Cecília Meireles (CDS-PP): — Sr.as e Srs. Deputados, este era o momento de virar a página, de deixar
para trás, de vez, o conformismo com que Portugal tem discutido sistematicamente os mesmos problemas e de
nos concentrar a sério no crescimento económico, que não é só um número. Este crescimento podia ter sido
uma realidade em emprego e em melhores condições de vida para muitos portugueses. Mas, neste Orçamento,
o Governo, em vez de esperança, ofereceu-nos propaganda.
O Sr. Nuno Magalhães (CDS-PP): — Muito bem!
A Sr.ª Cecília Meireles (CDS-PP): — Nada pode ser mais eloquente em relação ao falhanço que o
Orçamento representa do que o silêncio do Sr. Primeiro-Ministro durante quase todo o debate deste Orçamento.
Foi a primeira vez, em muito anos, que o Primeiro-Ministro não respondeu aos Deputados no debate, na
generalidade.
Quando se trata de dar a cara por opções, convicções, quando se trata de ter coragem, creio que ficamos
conversados!
Aplausos do CDS-PP.
Mas compreende-se bem esta opção ou, melhor, esta não opção.
De facto, se pensarmos em todas as promessas que o Sr. Primeiro-Ministro fez e não cumpriu, compreende-
se bem que prefira ficar calado.
Vamos pensar, por exemplo, no que o PS dizia ou, melhor, no que «tweetava», em abril de 2015, ano em
que Portugal cresceu 1,6%. E cito: «É preciso virar a página a este ciclo de austeridade e obter melhores
resultados económicos.» E continuo a citar: «Podemos crescer a 2,6% ao ano com uma nova política». Era o
spin do PS!
Pois bem, na campanha eleitoral, estes 2,6% já tinham passado a 2,4%, aliás, com o aval de um grupo de
sábios, alguns dos quais hoje promovidos a Ministros e a Deputados, exatamente os mesmos que, com toda a
desfaçatez, ainda há poucas semanas comemoravam um crescimento de 1,2%, como se se tratasse de um
grande feito, esquecendo e rasgando tudo aquilo que prometeram aos portugueses durante a campanha
eleitoral.
Aplausos do CDS-PP e de Deputados do PSD.
Nessa altura, o PS achava que um crescimento de 1,6% era um ciclo de austeridade, hoje em dia acha que
um crescimento de 1,2% é um megacrescimento.
Não deixa ser extraordinário e, por isso, compreende-se bem o silêncio!
Mas compreendemos bem que o Sr. Primeiro-Ministro também não queira responder, por exemplo, por que
é que a dívida devia ser de 125% do PIB (produto interno bruto) e é agora de 133%! Como compreendemos que
não queira dizer, por exemplo, onde está a famosa eliminação da sobretaxa, que ainda no princípio deste ano
tinha aprovado, ou onde está a alteração dos escalões de IRS — o tal brutal aumento de impostos de que todos