I SÉRIE — NÚMERO 27
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O Sr. Primeiro-Ministro: — Sr. Presidente, Sr.ª Deputada Assunção Cristas, é pena esse seu gráfico, que é
bonito, não ter registado o seguinte facto: é que ao longo desses 54 dias não houve nenhum debate quinzenal
em eu que devesse ter estado presente.
Aplausos do PS.
A Sr.ª Assunção Cristas (CDS-PP): — Houve o Orçamento do Estado e houve uma grande ausência!
O Sr. Primeiro-Ministro: — Pois é, houve o Orçamento do Estado…
Sr.ª Deputada, mas se a Assembleia da República esteve, e bem, a discutir o Orçamento do Estado, não
marcou debates quinzenais e, portanto, não vim a debates quinzenais que não existiam! Hoje, está marcado o
debate quinzenal e cá estou, com todo o gosto, como estarei de novo daqui a 15 dias, para responder.
Sr.ª Deputada, devo dizer-lhe que ficava até um bocado magoado se não achasse importante este meu tema,
porque confesso que foi também em sua atenção que o escolhi.
Risos do PS e de Os Verdes.
Isto porque sendo V. Ex.ª candidata à principal câmara do País, não atribuir ao tema da descentralização e
ao reforço do poder autárquico a devida importância seria algo que me deixaria absolutamente perplexo.
Aplausos e risos do PS.
Protestos do CDS-PP.
O Sr. Pedro Mota Soares (CDS-PP): — Já vi que ganhámos um voto num sítio onde menos esperávamos!
O Sr. Primeiro-Ministro: — Mas, Sr.ª Deputada, vejo que, de facto, lhe é absolutamente indiferente se a
Caixa Geral de Depósitos tem ou não capital, qual vai ser o seu futuro, se se vai manter pública ou não. A única
coisa que a Sr.ª Deputada quer saber é a petite histoire da relação entre o Governo e o Dr. António Domingues.
Certamente que o Dr. António Domingues terá muito para contar à Sr.ª Deputada sobre essa matéria. Ao
Governo não compete alimentar uma petite histoire e a única coisa que nos compete é dizer, simplesmente, o
seguinte: todos os compromissos que assumimos, cumprimos!
Cumprimos o compromisso de que a nomeação da administração fosse precedida de luz verde de Bruxelas
ao plano de recapitalização que foi apresentado; cumprimos o compromisso — aliás, com muitas críticas de
toda a gente e muita incompreensão — de que à Caixa Geral de Depósitos, quer à administração, quer aos
trabalhadores, fosse aplicado um regime remuneratório distinto do que era aplicado no setor empresarial do
Estado; cumprimos o nosso compromisso de isentar a administração da Caixa de ter o Estatuto de Gestor
Público, o que consta do diploma que foi aprovado pelo Governo, promulgado pelo Presidente da República,
apreciado nesta Assembleia da República ainda antes do verão. E a Sr.ª Deputada, que é jurista, e mais
qualificada do que eu, terá melhores condições para poder interpretar e verificar que, desse diploma, não resulta
a isenção da obrigação de apresentar declarações ao Tribunal Constitucional.
Aplausos do PS.
O Sr. Presidente: — Para pedir esclarecimentos, tem a palavra a Sr.ª Deputada Assunção Cristas.
A Sr.ª Assunção Cristas (CDS-PP): — Sr. Presidente, Sr. Primeiro-Ministro, certamente que sobre o que
está incluído, ou não, nessas obrigações do gestor público haverá muitos pareceres e muita oportunidade para
esgrimir argumentos, mas aquilo a que o Sr. Primeiro-Ministro não se pode furtar é ao voto da bancada do
Partido Socialista, de que, recordo, o senhor é Secretário-Geral, e que votou noutro sentido. Daqui só posso
concluir que o senhor ou incumpriu o seu compromisso com a Caixa Geral de Depósitos ou, posteriormente,