9 DE DEZEMBRO DE 2016
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O Sr. Primeiro-Ministro: — Se assegurarmos a estabilidade da política que está a ser seguida, garanto-lhe
que teremos melhores resultados.
Essa estabilidade assenta na Lei de Bases do Sistema Educativo, que tem 30 anos, e para a qual
contribuíram sucessivos Governos, desde os do Prof. Cavaco Silva até, certamente, ao que a Sr.ª Deputada
integrou. Teve momentos muito importantes, como, e para lhe dar o exemplo de uma iniciativa de um Governo
do PSD, a reforma do ensino secundário feita pelo Ministro David Justino. Foi decisiva também a reforma do
pré-escolar que foi feita no Governo do Eng.º António Guterres. Foi absolutamente fundamental todo o programa
de formação educativa que foi desenvolvido ao longo de muitos anos e toda a metodologia de avaliação,…
O Sr. Presidente: — Peço-lhe que conclua, Sr. Primeiro-Ministro.
O Sr. Primeiro-Ministro: —… como foi importantíssimo e decisivo para a inclusão que tenham sido criados
os Territórios Educativos de Intervenção Prioritária (TEIP).
É por isso que temos muitos dos nossos alunos com condições mais desfavorecidas com melhores
resultados do que noutros países.
Mas, assim como é preciso olhar para o lado bom daqueles números, também é preciso olhar com
preocupação para o lado mau. E o lado mau sabe qual é? É a elevadíssima taxa de retenção que existe e que
só significa…
O Sr. Presidente: — Tem de concluir, Sr. Primeiro-Ministro.
O Sr. Primeiro-Ministro: —… que um sistema de avaliação assente na exclusão…
A Sr.ª Assunção Cristas (CDS-PP): — Mas não é assente na exclusão!
O Sr. Primeiro-Ministro: — … não é a melhor forma de resolver o problema da retenção. A melhor forma de
o resolver é, sim, ter um sistema de avaliação que permita a intervenção precoce de forma a assegurar a todos
a conclusão, com sucesso, no tempo devido, de cada ciclo educativo.
Aplausos do PS.
O Sr. Presidente: — Tem a palavra, para pedir esclarecimentos, o Sr. Deputado Jerónimo de Sousa, em
nome do Grupo Parlamentar do PCP.
O Sr. Jerónimo de Sousa (PCP): — Sr. Presidente, Sr. Primeiro-Ministro, queria, antes de mais, agradecer
ao Deputado Passos Coelho as boas palavras que dirigiu ao PCP e ao nosso Congresso.
Sr. Primeiro-Ministro, acompanhamos com preocupação a urgente necessidade de encontrar respostas para
fazer de Portugal um País mais coeso. Naturalmente, não desvalorizamos o papel da descentralização,
sobretudo se orientado para um poder com dimensão regional que só as regiões administrativas podem garantir,
como não pode ser desvalorizada, como tem sido, a criação de condições para os municípios responderem às
suas próprias competências, nem desvalorizamos, antes pensamos ser necessário repô-las, as freguesias que
foram liquidadas, devolvendo-as ao povo, porque a vida está a provar que a sua liquidação não correspondeu
ao reforço da coesão territorial.
O Sr. António Filipe (PCP): — Muito bem!
O Sr. Jerónimo de Sousa (PCP): — Mas, Sr. Primeiro-Ministro, é possível uma verdadeira política de coesão
territorial sem uma política de desenvolvimento económico sustentado do País, sujeito a tantos
constrangimentos e condicionamentos? Fica a dúvida legítima, mas gostávamos de ouvir a sua opinião.
Aplausos do PCP.