I SÉRIE — NÚMERO 27
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recentes confirmam a opinião de que há muito tempo que a falta de profissionais de saúde leva à exaustão dos
que desenvolvem a sua atividade nestes serviços. São precisas respostas, Sr. Primeiro-Ministro.
O mesmo poderíamos dizer para resolver a grave situação existente no setor dos transportes. Temos hoje
uma situação caótica nos transportes públicos. Metro, Transtejo e Soflusa estão numa situação de rutura. A
privatização e a saída de trabalhadores, a não renovação e a falta de manutenção das frotas conduziu a
situações de drástico condicionamento de mobilidade das populações.
Na passada segunda-feira, milhares de pessoas ficaram no outro lado do Tejo, sem acesso a Lisboa. Num
total de 22 barcos, só oito estão em atividade. Esta é uma situação que não pode continuar…
Protestos do PSD.
Os Srs. Deputados do PSD bem podem limpar as mãos à parede porque são responsáveis pela degradação
das estruturas, dos meios e do número de trabalhadores.
Aplausos do PCP, do PS e do BE.
Protestos do PSD.
Não falem alto porque não nos esquecemos das vossas responsabilidades diretas na degradação dos
transportes públicos.
Vozes do PCP: — Muito bem!
O Sr. Jerónimo de Sousa (PCP): — Mas, Sr. Primeiro-Ministro, de qualquer forma, não é só uma questão
de passado e este Governo deveria dar respostas, no presente, para melhorar estas situações sociais que
existem.
Aplausos do PCP.
O Sr. Presidente: — Para responder, tem a palavra o Sr. Primeiro-Ministro.
O Sr. Primeiro-Ministro: — Sr. Presidente, Sr. Deputado Jerónimo de Sousa, vou tentar ser telegráfico para
não deixar nenhuma das questões por responder.
Quanto ao salário mínimo nacional, o Programa do Governo prevê um faseamento dos aumentos anuais, até
600 €, em 2019.
Propusemos na concertação social o que consta no Programa do Governo, ou seja, um aumento para 557
€, que é um aumento que vai além da mera reposição da inflação e da produtividade, que seria 540 €, mas
corresponde àquilo que está no Programa do Governo e é um esforço para reduzir o combate às desigualdades.
Neste momento, está a decorrer, até dia 19, o prazo para os parceiros sociais responderem à proposta do
Governo e aguardamos as suas respostas para ver se há condições de acordo, como desejamos, ou se não há
condições de acordo, podendo termos de avançar sem acordo na fixação do salário mínimo nacional.
Em segundo lugar, e quanto às carreiras contributivas, partilhamos inteiramente a preocupação com esta
situação, que é, aliás, uma situação específica de uma geração. Já no Orçamento do Estado demos um primeiro
sinal e até ao princípio de Janeiro apresentaremos na Assembleia da República uma iniciativa legislativa para
diferenciar o tratamento que é devido às carreiras contributivas longas, que têm de ser tratadas de uma forma
distinta, de modo a assegurar um tratamento justo a quem começou a trabalhar muitas vezes com 10, 11, 12
anos e teve uma vida de sacrifício e de trabalho que tem de ser reconhecida.
Relativamente ao Serviço Nacional de Saúde, já este ano fizemos um esforço grande para a reposição nas
situações de carência. Neste momento, no conjunto do Serviço Nacional de Saúde, temos mais 3100
profissionais do que tínhamos o ano passado. É ainda insuficiente, tal a depauperação que o Serviço Nacional
de Saúde sofreu ao longo dos últimos quatro anos.