9 DE DEZEMBRO DE 2016
31
Depósitos? Que nunca colocou na agenda o comprometimento de um pilar fundamental de políticas públicas
para o sistema financeiro?
Aplausos do PS.
Não tem essa capacidade porque, efetivamente, ao longo de muito tempo, no que diz respeito às políticas
públicas, o que tínhamos era uma vontade de inverter o papel da Caixa Geral de Depósitos e, por outro lado, ao
nível da tarefa fundamental de acompanhamento, tem sido claro, ao longo desta semana, o incómodo sentido
do lado da oposição porque, mais uma vez, o Tribunal de Contas evidencia, no relatório sobre o setor
empresarial do Estado, tudo o que não fizeram, tudo o que não acautelaram e tudo o que, adicionalmente,
contribuiu para a situação que hoje o atual Governo tem de resolver.
Aplausos do PS.
A oposição também pode procurar outros exemplos, tentando reinventar-se. Na forma como têm abordado
o problema da Caixa Geral de Depósitos, a recente iniciativa do PSD — ou a que foi anunciada — de que iria
promover a fiscalização da constitucionalidade do diploma relativo a esta matéria é, mais uma vez,
absolutamente caricata, no sentido em que revela uma mudança de personalidade profunda. O grupo
parlamentar para o qual durante quatro anos a Constituição era um pormenor e que consegue amealhar 20 —
repito, 20! — decisões de inconstitucionalidade em matérias estruturantes sobre direitos fundamentais, de
repente, surge preocupado com a eventualidade de um problema orgânico-formal, na aprovação de um diploma,
ser catastrofista!
Portanto, sem qualquer prejuízo da total tranquilidade com que o Governo e o Sr. Presidente da República
encaram a atividade legislativa, e, mais uma vez, sem querer causar qualquer conflito institucional se encarará
qualquer iniciativa que possa vir da bancada do PSD. Mas com uma certeza: não é com o intuito de provocar
qualquer conflito institucional ou de procurar atirar «areia para os olhos» das pessoas no momento em que se
vê que o rumo para a Caixa Geral de Depósitos finalmente existe que seguramente se vai alterar a dificuldade
de ter argumentos neste debate por parte da oposição.
Finalmente, e porque esse foi o tema escolhido pelo Governo para abordar neste debate, queria centrá-lo
naquela que é uma preocupação do Governo e dos portugueses — gastámos cerca de dois terços do tempo a
falar de outros assuntos, mas este tema é igualmente estruturante. Mais uma vez, o que o Governo apresenta
é clareza de propósitos, clareza essa que enunciou no seu programa eleitoral, que enunciou no seu Programa
do Governo e que se articula com uma estratégia para, efetivamente, reformar o Estado. E reformar o Estado
não é deitar pela janela fora instituições que são válidas e que devem desempenhar o seu papel. Reforma o
Estado não é desenhar em cima do joelho alterações legislativas e de última hora ao funcionamento de
instituições seculares.
Já agora, recordo que comemoramos os 40 anos da Constituição democrática e das primeiras eleições para
o poder local, mas comemoramos também 180 anos do primeiro Código Administrativo efetivamente
descentralizador, de Passos Manuel, que este Governo volta a colocar na linha certa. De experiências
centralizadoras sem propósito, sem rumo e sem plano, disso, de facto, os últimos quatro anos bastaram ao País
e aos portugueses.
Podemos olhar também — e agora deixo uma nota à Sr.ª Deputada Assunção Cristas, que lhe poderá ser
útil noutras ações — para o que pode ser uma boa reforma administrativa.
A Sr.ª Assunção Cristas (CDS-PP): — Folgo em saber que está preocupado com as minhas ações!
O Sr. Pedro Delgado Alves (PS): — E a cidade de Lisboa também oferece, precisamente, o desenho que o
Governo hoje procura trazer a todo o País, que é o de identificar qual o nível de governação em que é mais útil
fazer uma intervenção e assegurar a governação, alocar os recursos humanos necessários para esse efeito e
concretizar com segurança e estabilidade o funcionamento dos órgãos das autarquias locais. Aqui temos um
bom exemplo, Srs. Deputados. E acho que podemos aprender com os bons exemplos e alargá-los ao resto do
País, fazendo uma revisão daquele que é o mapa da Administração Pública, acrescentando-lhe uma dose, que