I SÉRIE — NÚMERO 29
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recuperou o País da bancarrota deixada pelo Partido Socialista, deixe-me dizer-lhe três aspetos que podem
ajudá-lo a clarificar qualquer dúvida que tenha.
Em primeiro lugar, o PSD só embarcará em propostas muito claras e objetivas e que garantam em pleno o
respeito pelos direitos dos trabalhadores.
A Sr.ª Clara Marques Mendes (PSD): — Muito bem!
A Sr.ª Joana Mortágua (BE): — Mas quem é que lhe deu o castigo de vir aqui dizer essas coisas?!
A Sr.ª Carla Barros (PSD): — Em segundo lugar, o PSD só embarcará num caminho que nos garanta uma
Administração Pública moderna, tal como o País e os portugueses merecem.
O Sr. Presidente: — Sr.ª Deputada, já ultrapassou o tempo de que dispunha.
A Sr.ª Carla Barros (PSD): — Vou terminar, Sr. Presidente.
Queria também dizer-lhe que qualquer caminho que seja seguido tem de ser um caminho sustentável para o
bolso dos portugueses e para as finanças públicas.
Sr. Deputado, espero tê-lo esclarecido, porque, quanto a nós, está tudo dito.
Aplausos do PSD.
O Sr. Presidente: — Para uma intervenção, tem a palavra o Sr. Deputado Filipe Anacoreta Correia, do Grupo
Parlamentar do CDS-PP.
O Sr. Filipe Anacoreta Correia (CDS-PP): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados: A aprovação da
presente lei representa o segundo ato de uma peça que esta maioria está a contracenar.
O primeiro ato — recorde-se — teve lugar aqui, neste mesmo local, e ocorreu por ocasião da discussão da
revogação do regime da requalificação.
Em suma, a trama desenvolveu-se com a narrativa de que o regime da requalificação era muito mau, uma
espécie de monstro, e que tinha tido como criador esse ser terrível e horrendo que era o Governo da maioria de
direita.
A história está razoavelmente bem escrita, levando alguns corações à comoção — e aqui, no Parlamento,
até se viu alguma exaltação —, mas não chega, porém, a ser convincente, a ser uma boa história, porque, em
suma, faltam respostas a muitas perguntas.
Por exemplo: se era tão mau assim o empenho do anterior Governo no regime da requalificação, se era tão
mau assim o empenho na cessação de contratos de trabalho, se era tanta assim a saída em massa de pessoas
da Administração Pública, como disse aqui a Sr.ª Secretária de Estado, então, por que é que a Câmara Municipal
de Lisboa e António Costa, na altura, seu Presidente, foram os autarcas que mais recorreram às cessações de
contratos de trabalho na Administração Pública?!
António Costa, o «Bom», o «Ser sublime», o «Génio» desta maioria, teve outra vida. Afinal de contas, tocou
o mal, a tal ponto que se chegou a entusiasmar e acabou mesmo por ser o campeão das rescisões aos
trabalhadores das autarquias.
A trama nada diz sobre isto, mas há mais perguntas: afinal de contas, foi a direita que criou o regime da
mobilidade e da requalificação dos funcionários públicos com redução salarial? Não foi! Mas, bom, aqui, o
narrador ganha duas vozes diferentes: o PCP e o Bloco de Esquerda dizem que sim, que o PS sempre foi de
direita, «farinha do mesmo saco», e o narrador, que escreve a caneta do PS, não sabe bem o que dizer, tem
um misto de vergonha e de orgulho com esta criação. Afinal de contas, foi o seu Governo, do PS, onde António
Costa estava — novamente ele —, precisamente há 10 anos. Há 10 anos, era instituído em Portugal o regime
da mobilidade, que tinha várias fases, sendo uma designada de «requalificação» e que implicava que
determinados funcionários da Administração Pública poderiam ser forçados, contra a sua vontade, a mudar de
serviço e também a ver a sua remuneração diminuída dois meses após entrarem na fase de mobilidade especial.