I SÉRIE — NÚMERO 41
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dinheiro dos contribuintes e concedendo o benefício da dúvida à capacidade de gestão de cada um. Mas a
escolha foi vossa, Srs. Deputados, a escolha foi vossa! Por isso, surpreende-nos que, de facto, estejam tão
desiludidos. Será que esses gestores que os senhores nomearam, em 2011, e que eram tão competentes entre
2011 e 2015 deixaram de o ser em 2016?! Queremos acreditar que não, Srs. Deputados. É caso para dizer que
se as vossas críticas são sobre a filosofia e o modelo de gestão do SNS, então temos a certeza de que estamos
no bom caminho, se é sobre a capacidade dos gestores que VV. Ex.as escolheram, de acordo com a vossa
vontade, em 2011, então, se calhar, temos de ponderar algumas alterações.
Sr. Ministro, este era o enquadramento para a pergunta que lhe queria fazer, que é a seguinte: em que
medida, Sr. Ministro, está prevista a melhoria de avaliação e responsabilização da gestão e dos gestores
hospitalares? Gostaria igualmente de saber se as consequências dessa avaliação deverão ter efeitos sobre o
nível de autonomia de gestão e se tais efeitos se deverão repercutir na manutenção ou na substituição de quem
revele um desempenho não satisfatório, introduzindo assim uma nova cultura de avaliação e uma nova cultura
de responsabilização.
Aplausos do PS.
O Sr. Presidente (Jorge Lacão): — Para responder, tem a palavra o Sr. Ministro da Saúde.
O Sr. Ministro da Saúde: — Sr. Presidente, Sr. Deputado António Sales, a questão que coloca sobre a
responsabilização e a avaliação é, naturalmente, da maior importância. Tinha anunciado, na última vez em que
estive na Comissão de Saúde, que iria ser criada, finalmente, a Comissão para a Avaliação dos Conselhos de
Administração dos Hospitais EPE. Assim será, Sr. Deputado, ela está, neste momento, a ser finalizada pelo
Gabinete do Sr. Secretário de Estado Adjunto e da Saúde e também pelo Gabinete do Sr. Ministro das Finanças.
Ora, a questão da responsabilização e da avaliação tem apenas a ver com a defesa do bem público e do
interesse comum e tem a ver com uma circunstância muito simples: como o Sr. Deputado disse, e muito bem,
as administrações têm de cumprir os seus mandatos e não é por serem nomeadas pelo Governo a ou pelo
Governo b que devem, pura e simplesmente, por um qualquer automatismo, ser afastadas. Tem sido essa, e
continuará a ser, a nossa linha de orientação. Alguns conselhos de administração terminarão agora os seus
mandatos e apresentarão as suas contas. Pois será o momento de essa avaliação ser feita, em alinhamento
com a entidade que os tutela.
Mas também lhe queria dizer o seguinte, Sr. Deputado: estão no portal do SNS, para os mesmos grupos de
hospitais, as diferenças que existem entre o melhor e o pior. Portanto, a questão não é, nunca, apenas e só,
uma questão de financiamento, porque, com o mesmo dinheiro, Sr. Deputado, o hospital a pode fazer muito
melhor do que faz o hospital b, e essa diferença não está no financiamento, está na qualidade da gestão.
Desafio todos a fazerem essa avaliação num quadro que se chama Benchmark do SNS. Os mesmos grupos
de hospitais, com o mesmo dinheiro, têm desempenhos diferentes, o que significa que a gestão faz toda a
diferença. E uma gestão de qualidade é da maior importância para o Serviço Nacional de Saúde.
Aplausos do PS.
O Sr. Presidente (Jorge Lacão): — Para formular as suas perguntas, tem a palavra o Sr. Deputado Luís
Vales.
O Sr. Luís Vales (PSD): — Sr. Presidente, Sr. Ministro da Saúde, o Sr. Ministro nomeou, com pompa e
circunstância, há mais de um ano, a comissão para a reforma do SNS. Passados uns meses, em fevereiro, o
Dr. António Ferreira demitia-se; em agosto, com vista a um relançamento da reforma hospitalar, o Sr. Ministro
nomeava outro coordenador; depois disso… Depois disso, Sr. Ministro, nada! É que, depois, nada aconteceu!
Gostávamos de lhe perguntar, Sr. Ministro: o que é que tem feito essa Comissão? É que não lhe conhecemos
qualquer trabalho, nenhuma reforma estrutural, nada, muito pelo contrário, Sr. Ministro!
De facto, o Sr. Ministro parece aquele jogador que, de cada vez que atira à baliza, falha sempre.
Risos da Deputada do PS Maria Antónia Almeida Santos.