I SÉRIE — NÚMERO 56
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O Sr. Luís Monteiro (BE): — … mas estaremos aqui para fazer força e resolver o problema da democracia
nas escolas.
A questão da precariedade, sim, Sr.ª Deputada, é connosco, e nós vamos resolvê-la, ao contrário do que fez
a direita.
Aplausos do BE.
O Sr. Presidente: — Tem a palavra a Sr.ª Deputada Ilda Araújo Novo.
A Sr.ª Ilda Araújo Novo (CDS-PP): — Sr. Presidente, Sr.as Membros do Governo, Sr.as e Srs. Deputados:
Quanto à escola pública, ou ao estado dela, a propósito do arranque do segundo período, definido como
altamente positivo, nas palavras do Sr. Ministro, a 3 de janeiro, e pensando, talvez, nas perturbações decorrentes
da já anunciada greve do pessoal não docente, importa lembrar que o Sr. Ministro, generosamente, prometeu
então uns bons milhares de horas às escolas, de forma a que estas pudessem contratar assistentes operacionais
para suprir necessidades eventuais.
Disse, ainda, na altura, o Sr. Ministro que se encontrava igualmente a trabalhar para monitorizar e suprir
possíveis necessidades.
Permitam-me aqui um reparo: salvo o devido respeito, parece que o Sr. Ministro ou, melhor dizendo, a equipa
que o Sr. Ministro tutela está tão-somente a monitorizar e a mapear desde que entrou em funções. É que só
assim se consegue explicar que a 2 de fevereiro continue a afirmar e a admitir a necessidade de reforçar o
pessoal não docente nas escolas, desta feita por causa das baixas médicas.
Afirmou, ainda, o Sr. Ministro, que, técnica e legalmente, as nossas escolas têm os assistentes operacionais
que deveriam ter. Espantoso! Porquanto, no tocante às baixas, deve haver uma epidemia desconhecida a
grassar pelas escolas do País. É que, sendo certo que há baixas, também é inegável que não se revestem de
caráter permanente, e daí que, a final, a realidade se imponha. E a realidade mostra que as decisões com
consequências previsíveis, como as que resultaram da redução do horário de trabalho dos funcionários,
originaram necessidades acrescidas, pese embora os 2600 funcionários anteriormente contratados pelo
Governo PSD/CDS.
A realidade é que a redução teria de ser compensada com mais funcionários, que, apesar de solicitados, não
foram disponibilizados e, assim, continuam sem serem disponibilizados.
Faz também parte da realidade o anúncio do recrutamento de mais 300 funcionários, que se reporta ao
passado mês de outubro, repito, outubro.
Mas ainda ontem neste Hemiciclo, o Sr. Deputado Porfírio Silva, do PS, que parece considerar-se como dono
verdade no que aos assistentes operacionais diz respeito, acusava o PSD e o CDS de não se lembrarem de
nada do que aconteceu no passado. Parece mesmo saber mais que o próprio Ministro, pois o Sr. Deputado
afirmou, e cito-o ipsis verbis, sobre os assistentes operacionais, o seguinte: «Este Governo mobilizou recursos
financeiros necessários para contratar 300 assistentes operacionais. Definiu as prioridades levando-as às
escolas que estavam abaixo do rácio (...). Está em execução, está a ser implementado pelas escolas».
Mas, então, a realidade é que a dita colocação dos 300 funcionários anunciados em outubro ainda está a
decorrer?! Desde outubro, quando já estamos no final de fevereiro?! Será que este processo se conclui antes
do fim do ano letivo? Afinal, há, ou não, nas escolas os assistentes operacionais que, técnica e legalmente, as
escolas devem ter? O Sr. Ministro disse «sim» ou será que disse «já não»?
Sr.as e Srs. Deputados: A realidade é que na escola pública há falta de funcionários. A realidade é que os
serviços apenas funcionam mercê da boa vontade e disponibilidade dos funcionários, que chegam,
inclusivamente, a abdicar das suas horas de almoço e de descanso. E ainda hoje temos notícia de pais estarem
a pagar vigilantes nas escolas!
No que aos assistentes operacionais diz respeito, esta, sim, é a realidade da escola pública, Sr. Ministro.
Aplausos do CDS-PP.
O Sr. Presidente: — Tem a palavra a Sr.ª Deputada Ana Virgínia Pereira.