2 DE MARÇO DE 2017
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O Sr. Presidente (José de Matos Correia): — Assim sendo, tem a palavra, em primeiro lugar, o Sr. Deputado
Filipe Neto Brandão.
O Sr. Filipe Neto Brandão (PS): — Sr. Presidente, Sr. Deputado Fernando Negrão, quero cumprimentá-lo
por ter trazido o tema da segurança interna a este Parlamento, mas recordar-lhe que, e penso que convirá e
convergirá nesta apreciação, a área da segurança interna, como área de soberania que é, deve ser sempre
tratada com rigor e assente em apreciações objetivas e não propriamente de natureza subjetiva, porquanto sei,
e o Sr. Deputado bem sabe, que há uma diferença entre segurança objetiva e sentimento de insegurança.
O sentimento de insegurança traduz um complexo sistema de representações e atuações sociais que é até
induzido, quantas vezes, pela eficácia da repressão policial. Deu um exemplo, concretamente a notícia, em si
preocupante, do desaparecimento de várias pistolas da PSP, que emergiu precisamente da pró-atividade policial
e, portanto, da deteção desse crime.
Mas, numa análise de segurança interna, temos sempre de distinguir entre números agregados, que são
aqueles que politicamente são reveladores, e casos isolados, que são, obviamente, dependentes de uma
apreciação casuística, desde logo, reportada à análise e à investigação do agente.
O Sr. Deputado citou exemplos que estão sob investigação e que dão acaso à possibilidade de membros
das forças de segurança estarem envolvidos em práticas criminosas. Ora, todos sabemos, e penso que o Sr.
Deputado deve salientá-lo por isso, que esse juízo se pode estender à organização das respetivas forças de
segurança, como é óbvio, e isso não as transforma em objeto de suspeita. Portanto, isso deve ser sublinhado.
Mas, relativamente aos números agregados, o que queria dizer é que a informação que nos chega é a de
que a criminalidade participada continua em queda e a criminalidade violenta e grave continua em queda,
malgrado, obviamente, a existência de casos que nos preocupam.
Mas devo dizer, e o Sr. Deputado aludiu já a isto — e já não é a primeira que o faz, já o fez na 1.ª Comissão,
nomeadamente —, que, por exemplo, no caso dos argelinos, a Sr.ª Ministra teve já a oportunidade, nesta
Assembleia, de referir que não há qualquer indício de que aquela fuga não tenha ocorrido apenas pelas
chamadas «fugas de oportunidade». Ou seja, do inquérito que está a decorrer, não há qualquer indício de que
possa…
O Sr. Presidente (José de Matos Correia): — Sr. Deputado, peço-lhe que termine, por favor.
O Sr. Filipe Neto Brandão (PS):— … derivar de uma criminalidade organizada e, portanto, era também com
essa questão que lhe colocava e com ela terminava.
Sr. Deputado, na anterior Legislatura, por várias vezes, o PSD e o Governo de então abordaram a questão
da segurança interna. Tive hoje a oportunidade de rever que, em todas as intervenções, frisou que Portugal era
um País seguro e que merecia ser sublinhado como tal.
O Sr. Presidente (José de Matos Correia): — Queira terminar, Sr. Deputado.
O Sr. Filipe Neto Brandão (PS):— Registo que hoje não o tenha feito mas, Sr. Deputado, lanço-lhe esse
repto de poder concluir a sua intervenção salientando que Portugal é, e continua a ser, um País seguro.
Aplausos do PS.
O Sr. Presidente (José de Matos Correia): — Para pedir esclarecimentos, tem a palavra o Sr. Deputado
António Filipe.
O Sr. António Filipe (PCP): — Sr. Presidente, Sr. Deputado Fernando Negrão, trouxe a Plenário ocorrências,
factos que, do ponto de vista criminal e do ponto de vista de segurança pública, são graves. Não negamos a
gravidade desses problemas. São ocorrências que, felizmente, não provocaram vítimas, mas que são graves.
Falando de vítimas, lembro-me de, há uns anos, haver fugas de prisões que, inclusivamente, vitimaram
mortalmente guardas prisionais. Felizmente isso não aconteceu desta vez, mas são, de facto, graves. E