2 DE MARÇO DE 2017
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De facto, não podemos permitir que o António José, formador do IEFP, que durante cinco anos exerceu as
suas funções com um horário, com um salário, com uma hierarquia, perante uma verdadeira relação laboral,
seja, ao fim desses cinco anos, pura e simplesmente, esquecido pela sua entidade patronal, não tendo em
consideração não só a estabilidade da sua carreira profissional mas também os meios para que ele possa
subsistir, do ponto de vista pessoal e familiar.
O Estado tem de agir como pessoa de bem e cumprir a lei vigente. Não pode esconder verdadeiras relações
laborais atrás de mecanismos como os recibos verdes ou outros mecanismos e instrumentos de trabalho.
O Estado tem de organizar uma verdadeira política de gestão de recursos humanos que garanta a qualidade
dos serviços públicos, que tenha em conta o interesse dos cidadãos e que, ao mesmo tempo, garanta a
dignidade e a valorização dos recursos humanos da Administração Pública e do sector empresarial do Estado.
O Grupo Parlamentar do Partido Socialista dá o seu apoio à iniciativa já apresentada pelo Governo no sentido
de, até ao final do 1.º trimestre de 2017, estar concluída a montagem do programa de regularização
extraordinária dos vínculos precários da Administração Pública (PREVAP) e do sector empresarial do Estado,
porque vai dar resposta a esta tripla necessidade: eficiência dos serviços públicos, fim da precariedade na
Administração Pública e garantia da valorização do trabalho dos trabalhadores da função pública.
Aplausos do PS.
O Sr. Presidente (José de Matos Correia): — Para uma intervenção em nome do Grupo Parlamentar do
CDS-PP, tem a palavra o Sr. Deputado António Carlos Monteiro.
O Sr. António Carlos Monteiro (CDS-PP): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados: Começo por saudar os
peticionários e, ao mesmo tempo, lamentar que esta petição só agora seja discutida, três anos e meio depois
da sua entrada.
A petição foi motivada pelo que entenderam chamar «despedimento dos formadores externos do Instituto do
Emprego e Formação Profissional» e que contestam.
Quero começar por dizer que o CDS tem o maior respeito pelos formadores do Instituto do Emprego e
Formação Profissional e que analisou, com todo o cuidado, a fundamentação da petição.
A verdade é que o que consideraram ser um despedimento de 1000 formadores resultava da abertura de um
concurso para a sua contratação — é certo que ao abrigo de um protocolo entre o Ministério do Trabalho e o
Ministério da Educação — e pediam que a Assembleia da República utilizasse os mecanismos à sua disposição
para apreciar as condições em que foi lançado o referido concurso.
Ora, no caso concreto, a Assembleia questionou o Governo sobre esta matéria e, com base nas respostas, é-lhe
possível concluir o seguinte: primeiro, na seleção de formadores, o concurso permitiu que, em vez da
discricionariedade na sua contratação, passasse a haver mais transparência, mais equidade e mais estabilidade; e,
segundo, comprovou-se que os formadores não foram prejudicados. Isto porque concorreram 22 000 pessoas para
920 vagas, ficaram colocados 900 formadores e apenas 20 professores. E era esta a questão que estava subjacente
à petição. E não parece que a alegada curta duração do prazo para concorrer tivesse prejudicado os formadores.
Em conclusão, houve vantagens claras na existência de um concurso para a contratação e não houve o
despedimento dos 1000 formadores, como era temido pelos peticionários. E convém não esquecer o objetivo
último, que são os formandos: melhorar os resultados da sua aprendizagem e da sua empregabilidade é
fundamental e, já agora, fazê-lo com o maior rigor na despesa pública.
Já que se fala em formadores do Instituto do Emprego e Formação Profissional, era importante saber se a
maioria de esquerda — PS, Bloco de Esquerda e PCP — já se entendeu em relação aos formadores do Instituto
do Emprego e Formação Profissional.
O Sr. Filipe Lobo d’Ávila (CDS-PP): — Bem lembrado!
O Sr. António Carlos Monteiro (CDS-PP): — Afinal, são precários e vão ser integrados pelo Governo, ou
não? É que, até este momento, não temos respostas claras, ao contrário do que foi dito pelo Sr. Deputado
Ricardo Bexiga.