9 DE MARÇI DE 2017
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Se quisermos romper com os 0,2% de média de crescimento anual dos últimos 15 anos, temos de investir
naquilo que faz a diferença e que sintetizámos no Programa Nacional de Reformas.
Hoje, não vou falar-vos de novo dos seis pilares do Programa Nacional de Reformas —…
Risos do Deputado do PSD Hugo Lopes Soares.
… esteja descansado, Sr. Deputado Hugo Lopes Soares — e vou concentrar-me em dois que são centrais
para o modelo de desenvolvimento que defendemos: a inovação e a qualificação.
Como aqui anunciei há um mês, apresentámos, no passado dia 23 de fevereiro, o Programa Interface.
Para promover a inovação, é fundamental a cooperação entre as empresas e as entidades do sistema
científico e tecnológico. É preciso trazer o conhecimento que existe nas nossas instituições de ensino superior
de investigação e nos centros tecnológicos para as empresas e, com isso, criar mais valor.
É este o desígnio que nos propomos alcançar com este Programa Interface: reforçar o trabalho em rede entre
instituições do ensino superior, centros de interface e empresas.
O Programa integra o reforço dos centros de interface tecnológico, que pretendemos que passem a apoiar
40 000 empresas, e de linhas de apoio à investigação aplicada em projetos de laboratórios colaborativos.
Em paralelo com o Programa Interface, vamos dinamizar a criação de clubes de fornecedores, como forma
de apoiar a integração das PME portuguesas em cadeias de valor globais, promovendo a sua
internacionalização. O Clube de Fornecedores Bosch, que envolve a Universidade do Minho e 36 pequenas e
médias empresas portuguesas, foi o primeiro a ser constituído.
Aquilo que nos permitirá sustentar um salto em frente, ser competitivos, ter capacidade de
internacionalização, de crescer e de criar emprego de qualidade, é investir na inovação. A comprová-lo temos,
aliás, a história dos setores que, ao longo dos anos, contrariaram a média de baixo crescimento, porque
souberam arriscar, fazendo diferente. Aqueles setores tradicionais que, há 30 anos, alguns precipitadamente
consideraram sem futuro, como o calçado, o têxtil ou o agroalimentar, revelaram-se exemplos de excelência e
de prosperidade, exatamente porque souberam investir na inovação.
Mas se a chave do nosso futuro está na inovação, a primeira condição para que a inovação seja possível é
a qualificação dos nossos recursos humanos.
O País tem ouvido falar muito de défices ao longo dos últimos anos, mas o maior défice estrutural que temos
é o défice das qualificações. Infelizmente, os números não mentem: cerca de 29% da população entre os 25 e
os 64 anos não completou o 3.º ciclo do ensino básico e 53% das pessoas desta faixa etária não completaram
o ensino secundário, valor muito acima dos 23% da média da União Europeia. Este é mesmo o grande défice
que diferencia Portugal do resto da Europa.
Aplausos do PS.
Foi por isso que lançámos na passada segunda-feira, como aqui tinha anunciado, o programa Qualifica, que
retoma o investimento na qualificação dos cidadãos ao longo da vida, infelizmente abandonado durante alguns
anos. Este Programa assegura a orientação e o acompanhamento personalizados, proporcionando respostas à
medida das necessidades de cada pessoa, valorizando a aprendizagem ao longo da vida e complementando-a
com a formação e a aquisição de novas competências. Mais qualificação significa melhor emprego, mas mais
qualificação significa também maior produtividade para as empresas e empresas mais produtivas significam
uma economia mais competitiva.
Para cumprir o desafio do País com a inovação contamos com a geração mais nova, aquela que sabemos
ser a mais qualificada que o País já formou, mas não podemos ignorar que, nesta mesma geração, ainda temos
20% de jovens que continuam a não concluir o ensino secundário.
Não queremos deixar de contar também com as gerações anteriores, aquelas que não tiveram as
oportunidades que as novas gerações têm mas que têm de ter a possibilidade de se realizar plenamente e de
que o País precisa e não pode prescindir para prosseguir o caminho do desenvolvimento.
Todos têm direito a ter uma oportunidade: os mais velhos, que não tiveram a possibilidade de continuar a
estudar, e os mais novos, que não concluíram o ensino secundário, os portugueses que vivem nas grandes
cidades, onde a oferta formativa é grande, e os que vivem no interior, em que a aposta nas qualificações é