I SÉRIE — NÚMERO 62
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assassinadas mesmo quando os respetivos casos de violência doméstica já se encontravam denunciados às
autoridades.
Impõe-se que a designada territorialização da resposta seja efetiva e cada vez mais forte de modo a abranger
todo o território nacional e a corresponder a objetivos de prevenção do crime de violência doméstica e dos
dramas que dele decorrem.
A proteção e o apoio à vítima são, neste contexto, determinantes. Não há dúvida de que o trabalho em rede
e, portanto, coordenado, designadamente entre entidades com responsabilidade na proteção civil, agentes de
segurança, autoridades judiciais e organizações não-governamentais é fundamental para a obtenção de
respostas mais eficazes.
Também a burocracia dos próprios processos de apoio à vítima é relatada como constituindo um obstáculo
à procura de apoio.
Uma outra questão que se revela extremamente importante é a do atendimento às mulheres vítimas de
violência doméstica pelas próprias forças de segurança. Nesse momento, as vítimas encontram-se numa fase
de grande desespero e fragilidade emocional, o que implica que a resposta dos agentes de autoridade seja
compreensível, pronta e eficaz.
Para o efeito, não há dúvida, a formação de agentes da GNR e da PSP é um imperativo assim como a
privacidade no atendimento, a qual, não existindo, poderá dissuadir a vítima de solicitar a ajuda necessária.
Assim sendo, dotar as esquadras da PSP e os postos da GNR do País de salas de apoio à vítima não é uma
questão de menor relevância.
Nesse sentido, Sr. Presidente Sr.as e Srs. Deputados, Os Verdes vêm, hoje, propor à Assembleia da
República uma recomendação ao Governo para que invista no reforço do número de agentes da PSP e da GNR
com formação específica para atendimento e apoio às vítimas de violência doméstica, de modo a garantir que
todas as esquadras estejam dotadas de agentes de segurança com capacidade e sensibilidade para prestar o
auxílio necessário.
Também propomos que se assuma o objetivo de dotar todas as esquadras da PSP e os postos da GNR de
salas de apoio a vítima, apresentando para o efeito uma calendarização, a tornar pública, cobrindo todo o
território nacional.
Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados: Os Verdes apresentaram também no Dia Internacional da Mulher um
outro pacote de projetos relativos à matéria da violência doméstica,…
O Sr. Presidente: — Queria terminar, Sr.ª Deputada.
A Sr.ª Heloísa Apolónia (Os Verdes): — … que esperamos agendar para breve, porque julgamos que esta
matéria requer uma discussão continuada e uma apresentação de propostas eficazes.
Aplausos de Deputados do PS e do PCP.
O Sr. Presidente: — Para uma intervenção, tem a palavra a Sr.ª Deputada Ângela Guerra.
A Sr.ª Ângela Guerra (PSD): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados: Debatemos hoje uma série de
iniciativas sobre o reforço da proteção das vítimas de violência doméstica, propondo, designadamente, que o
Governo proceda ao reforço da criação de salas de atendimento nas instalações das forças de segurança e ao
reforço do investimento na sua formação especializada.
A qualificação permanente destes profissionais tem sido essencial, promovendo uma atuação mais adequada
junto destas vítimas para que possam confiar no sistema de apoio existente e por forma a revelar esta tipologia
de crime que teima em permanecer invisível.
Nos últimos anos, o anterior Governo constitucional atribuiu no seu Programa notória prioridade à prevenção
e combate à violência doméstica e de género, prioridade que executou com evidência, designadamente,
investindo intensamente na formação das forças de segurança, com vista à sua melhor preparação para intervir
nesta matéria, com o reforço da Rede Nacional de Apoio às Vítimas de Violência Doméstica, com a introdução
do acolhimento de emergência e com a criação de uma Equipa de Análise Retrospetiva de Homicídio em
Violência Doméstica.