I SÉRIE — NÚMERO 63
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Quando questionados pelos Deputados sobre problemas que estão na esfera de acompanhamento das
entidades reguladoras, os governos respondem com a independência destas entidades. Com este
enquadramento, fica de fora o controlo da ação das entidades reguladoras.
Neste âmbito, também a criação de tribunais arbitrais representa um movimento de desjudicialização em
diversas áreas da nossa vida social. Ao remeter os cidadãos para um tribunal arbitral, na prática, está a impedir-
se o acesso à justiça do Estado e aos tribunais.
O Sr. João Oliveira (PCP): — Exatamente!
O Sr. João Ramos (PCP): — O PCP sempre considerou errado avançar sem serem devidamente
equacionadas as repercussões sociais com os custos da justiça arbitral, que poderão ter implicações muito
significativas. Também não se atendeu, por exemplo, a aspetos que têm a ver com a impossibilidade de
sindicância de muito do funcionamento da justiça arbitral, nos termos quer de processos de escolha de árbitros
quer de outros.
O Sr. João Oliveira (PCP): — Exatamente!
O Sr. João Ramos (PCP): — O PCP entende que é necessário fazer o caminho inverso e que a
responsabilidade direta, clara e transparente pela regulação das atividades económicas deve pertencer ao
Estado e aos governos que o gerem, uma vez que estes, sim, são escrutinados pelos eleitores.
Aplausos do PCP.
O Sr. Presidente (José de Matos Correia): — Para proferir a última intervenção neste debate, tem a palavra
o Sr. Deputado António Costa Silva, do Grupo Parlamentar do PSD.
O Sr. António Costa Silva (PSD): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados: O PSD quis, neste dia, assinalar
o Dia Mundial dos Direitos do Consumidor.
Com as suas propostas, o PSD pretende defender as pessoas. O PSD pretende defender, na prática, o
cidadão comum, um consumidor muitas vezes indefeso e, por vezes, o elo mais fraco nos processos comerciais,
sobretudo em relação às grandes empresas.
Trazemos propostas concretas para serem votadas por este Parlamento, com os seguintes objetivos e
medidas emblemáticas: primeiro, criação de uma lista única para a publicidade telefónica; segundo, valorização
dos centros de arbitragem para a resolução de litígios de consumo.
Os dois projetos de lei e os dois projetos de resolução que apresentamos, todos eles, têm o objetivo não só
de tornar mais clara a defesa do consumidor, mas também de tornar mais efetiva a resolução de conflitos.
Atualmente, as empresas de telemarketing têm cada qual a sua lista, o consumidor não sabe as listas de que
faz parte, nem como sair delas.
Ao contrário do que tentaram fazer aqui, a intenção não é acabar com o telemarketing,…
O Sr. João Oliveira (PCP): — Isso é que era um sossego à hora do jantar!
O Sr. António Costa Silva (PSD): — … mas, sim, regular os seus exageros.
Queremos dar liberdade ao consumidor para decidir se quer ou não ser incomodado. Queremos que o
cidadão comum possa e tenha oportunidade de fazer uma escolha livre. Não é isso que todos queremos?
Pergunto eu a este Parlamento.
A nossa proposta é criar uma lista única nacional, para a qual o consumidor, a qualquer momento, possa
entrar ou possa sair.
Sr.as e Srs. Deputados, qual é a parte que não concordam sobre esta matéria? Não percebemos! As
entidades que promovem publicidade por telefone seriam obrigadas a consultar essa lista.