23 DE MARÇO DE 2017
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contribuído os 20 novos mercados abertos em 2016 para 62 produtos, com destaque para o mercado chinês, o
maior mercado mundial, e que representa uma enorme oportunidade para os produtos nacionais.
Para 2017, o Sr. Ministro da Agricultura já estabeleceu como objetivo a conclusão das negociações em curso
com 55 países, a que correspondem 199 diferentes produtos de origem animal ou vegetal.
Sr. Primeiro-Ministro, ontem, dia 21 de março, Dia Internacional das Florestas, o Conselho de Ministros
aprovou um pacote legislativo que responde aos grandes desafios da floresta portuguesa, ancorado nas três
áreas críticas do setor: a titularidade da propriedade, a gestão e o ordenamento florestal e a defesa da floresta
nas vertentes da prevenção e de combate aos incêndios.
É nossa convicção que, com esta reforma, estão lançadas as bases para inverter a tendência de declínio do
setor florestal, cuja importância económica, social e ambiental é fundamental quer para o desenvolvimento
económico do País, quer na fixação da população nos territórios de baixa densidade, designadamente no interior
do nosso País.
Neste processo, que foi de discussão pública e de legislação participativa, o Governo demonstra a sua
intenção política de garantir que a reforma da floresta seja o mais consensual possível, como, aliás, todos
pretendem e defendem.
Esta reforma — sim, este pacote legislativo é uma reforma —, ao contrário do que alguns dizem, vai ser o
início da mudança que se pretende para o setor florestal. Vai iniciar um caminho para uma floresta sustentável
assente na profissionalização da gestão dos espaços florestais, criando novas oportunidades aos produtores e
aos proprietários florestais.
Ainda assim, com uma melhor gestão, será possível rentabilizar outras atividades conexas à produção
florestal. Com esta reforma, será possível inverter a tendência de desflorestação que tem ocorrido nas últimas
décadas.
A capacidade de investimento dos proprietários e produtores florestais aumentará face ao conjunto de
benefícios fiscais disponíveis e as novas formas de gestão agrupada contribuirão para a redução de áreas em
subaproveitamento.
Queremos partilhar e ouvir V. Ex.ª, Sr. Primeiro-Ministro, não apenas quanto a esta reforma, mas também
quanto a uma das nossas preocupações: o cadastro florestal. Trata-se de um erro estrutural crónico, tantas
vezes referido como sendo um dos principais problemas da falta de ordenamento florestal e territorial e que o
Governo pretende agora resolver de uma vez por todas. Anteriores Governos apresentaram propostas, mas
hesitaram na altura de avançar e não os resolveram.
Sr. Primeiro-Ministro, esta reforma, ou, melhor, alguns diplomas desta reforma vão ainda percorrer um
caminho importante nesta Assembleia. Esperamos um debate político aberto, com respeito pelas diferenças
naturais existentes, para que se mantenha o consenso habitual que a floresta tem tido nesta Assembleia.
Aplausos do PS.
O Sr. Presidente: — Para responder, tem a palavra o Sr. Primeiro-Ministro.
O Sr. Primeiro-Ministro: — Sr. Presidente, Sr.ª Deputada Júlia Rodrigues, no quadro do nosso Programa
Nacional de Reformas, a valorização do território é um dos pilares fundamentais e um dos elementos de maior
importância para a valorização do nosso território é a floresta.
A floresta tem de ser uma grande fonte de riqueza, não pode ser uma ameaça à segurança de pessoas e de
bens. Infelizmente, nos últimos anos, só temos olhado e ouvido falar da floresta quando a tragédia recorrente
no verão a atinge com os incêndios.
Ora, temos de passar a ouvir falar da floresta 365 dias por ano, não pelas suas notícias negativas, mas por
aquilo com que ela contribui para a fixação de populações, para a criação de riqueza e de emprego e para a
valorização do nosso território. É isso que queremos fazer com esta reforma da floresta.
É uma reforma estrutural, porque se dirige à alteração da estrutura florestal. Não é, como alguns possam ter
a ilusão, uma reforma para ser aprovada até ao final desta sessão legislativa para evitar incêndios no próximo
verão. Não! É uma reforma para resolver problemas seculares na nossa floresta.
Aplausos do PS.