1 DE ABRIL DE 2017
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existam dúvidas, foi com governos do PSD que foram criados os CMEC e os CAE, que custam 400 milhões de
euros por ano, com contratos completamente blindados.
O Sr. Hélder Amaral (CDS-PP): — Está enganado!
O Sr. Hugo Costa (PS): — No último ano, ao nível de preços, foi possível atuar sobre os setores mais frágeis
da nossa sociedade através da tarifa social, que chega hoje a cerca de 800 000 famílias. No caso da eletricidade,
estas famílias podem beneficiar de um desconto de 33%, quando, no fim do anterior Governo, o número de
beneficiários estava apenas na casa dos 120 000. A responsabilidade por estas famílias mais vulneráveis não
terem recebido os apoios é clara.
No caso do mercado da eletricidade, é importante referir o alargamento do prazo para a extinção do mercado
regulado para 2020 como forma de proteger os consumidores, assim como a introdução, em Orçamento do
Estado, de um operador logístico de mudança de comercializador, que foi denominado «Poupa Energia». Com
os seus 10 anos de funcionamento, é importante conhecer as falhas do mercado liberalizado, com uma análise
clara dos resultados. A razão do nosso projeto de resolução sobre esta matéria é a de defender os
consumidores.
A nível do quadro regulatório, este ano também houve profundas alterações. No Orçamento para o ano de
2017, o gás de botija, os combustíveis e os biocombustíveis passaram para a esfera da Entidade Reguladora
dos Serviços Energéticos.
No caso do gás de botija, que ainda hoje serve cerca de 75% da população, não existem razões objetivas
para não haver uma baixa do preço em 20%, como foi no caso do gás natural, tendo em conta os efeitos que
isso provocará e com a agravante de este combustível servir os consumidores mais frágeis e necessitados. As
dúvidas sobre estes mercados são muitas, como fica claro no estudo pedido pelo Governo à Autoridade da
Concorrência, e não é aceitável a discriminação do preço sobre este produto.
Em relação aos combustíveis, acreditamos que existem economias de escala que podem e devem ser
aproveitadas num mercado onde os preços continuam elevados, existindo dúvidas legítimas sobre o
funcionamento do mercado do setor. Medidas como o gasóleo profissional, já aprovadas nesta Legislatura, vão
no caminho certo e correto de proteção das empresas, mas ainda há muito a fazer neste setor.
O défice tarifário na eletricidade está na casa dos 5000 milhões de euros, o que é um problema, e é
necessário garantir que seja equilibrado, tarefa que o Governo tem abraçado através da criação de um grupo
de trabalho. O regulador apresenta a data de 2025 como objetivo e a sustentabilidade financeira é o caminho
para proteger as novas gerações.
Muitos outros desafios teremos de concretizar no futuro no setor energético. A Península Ibérica não pode
continuar a ser uma ilha energética e a aposta nas interligações com a Europa e com Marrocos é estratégica
para o País.
O caminho do Governo no setor é o correto, como sublinhou recentemente a Comissão Europeia, que muitos
gostam de referir sobre outras matérias, e o Parlamento português só pode sublinhar isso mesmo.
Muitos são os desafios de futuro do setor. Podem contar connosco na procura das melhores soluções,
colocando desafios como a eficiência energética no centro do futuro das políticas públicas do setor. Mais
eficiência é mais rendimento disponível e sustentabilidade ambiental e continuaremos esse caminho.
Aplausos do PS.
O Sr. Presidente (José Manuel Pureza): — Tem a palavra o Sr. Deputado António Costa Silva.
O Sr. António Costa Silva (PSD): — Sr. Presidente, Srs. Secretários de Estado, Sr.as e Srs. Deputados:
Notícia do dia — a Deco acusa a EDP Comercial, a Galp, a Goldenergy e a Lisboagás de, desde janeiro,
cobrarem pelo menos 10 milhões de euros aos clientes de gás natural pela taxa de ocupação do subsolo, que
passou a ser encargo das empresas, uma matéria extremamente grave que esperávamos que estivesse já
tratada, mas quem paga são os consumidores, por falta de ação.
Anunciamos que o PSD vai chamar o regulador, a ERSE, ao Parlamento com carácter de urgência, para
esclarecer esta questão. O requerimento vai ser entregue ainda hoje.