I SÉRIE — NÚMERO 71
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com o aumento deste imposto, que foi introduzido em 2016 — aquilo que nós chamamos «um enorme aumento
de impostos».
Não sendo totalmente verdade aquilo que o Bloco de Esquerda diz, ligando algumas crises energéticas à
dificuldade de algumas famílias, gostaria de dizer, concordando, que, de facto, há um problema que o pacote
europeu identifica bem, que é o de termos preços diferenciados para aquecimento e para consumo. E estamos,
até, a falar de políticas de coesão territorial, estamos a falar de justiça, estamos a falar de proteger alguns
setores que têm, de facto, um custo acrescido com aquecimento. Na União Europeia há vários países a adotar
essa medida e nós queremos trabalhar sobre ela, queremos tornar esse aspeto um pouco mais justo, mais
equilibrado e também proteger a coesão territorial.
Assim, queremos saber se, nesta matéria, o Partido Socialista e o Governo têm ou não margem para, em
sede de comissão, se encontrar um equilíbrio. Da nossa parte, não temos qualquer problema com isso.
Portanto, termino, obviamente, dizendo que estamos à espera de perceber se vai haver ou não, da parte do
regulador, uma vez que assume novas responsabilidades, o cumprimento da função de regulador ou se
continuamos a baralhar e a dar de novo, ficando, no limite, tudo na mesma.
Por último, Sr. Secretário de Estado, também quero saber se vai ou não haver redução de rendas — mais
tarde especificarei quais delas —, porque é disso que se trata aqui. Não valeu a pena os senhores terem
introduzido um conjunto de rendas, CMEC, CAE (contrato de aquisição de energia) e CIEG, e baralhado o
sistema. Na prática, quero perceber quando, onde, em que circunstâncias e em que montantes é que os
senhores vão reduzir as rendas excessivas, que continuam a ser excessivas, no setor eletroprodutor.
Aplausos do CDS-PP.
O Sr. Presidente (José Manuel Pureza): — Tem a palavra o Sr. Deputado Hugo Costa.
O Sr. Hugo Costa (PS): — Sr. Presidente, Srs. Secretários de Estado, Sr.as e Srs. Deputados: O tema da
energia é estratégico para a sustentabilidade económica, financeira e ambiental do nosso País. O setor da
energia é, muitas vezes, de complexa perceção para os cidadãos, deixando escondidas atrás de tecnicismos
decisões que podem afetar decisivamente os consumidores, nomeadamente o seu rendimento disponível ao
final do mês.
Existe, na perceção pública, a opinião de que o custo da energia é elevado e de que o comportamento do
mercado energético é tudo menos perfeito, nomeadamente depois das privatizações levadas a cabo pelo
anterior Governo.
Com o debate do último Orçamento do Estado, a Assembleia da República ganhou competências na área
da energia a nível do controlo dos investimentos, tendo os referidos documentos sido enviados para o
Parlamento, após consulta pública e parecer da entidade reguladora. A centralidade do Parlamento nas decisões
sobre investimento significa mais transparência e um verdadeiro escrutínio, nomeadamente no que diz respeito
à garantia de remunerações adequadas e aos princípios de coesão territorial. O custo do investimento no interior
é sempre superior ao das áreas metropolitanas, mas todos merecem a mesma qualidade de serviço.
Portugal é constantemente referido como exemplo europeu no aproveitamento dos recursos naturais, como
o sol, os rios e o vento, mas também nas potenciais novas fronteiras que advêm do aproveitamento dos recursos
marítimos. Portugal é um exemplo: dissemos «não» ao nuclear e continuamos no caminho de limitar as
importações e de descarbonizar a economia — o combate às alterações climáticas, a sustentabilidade e o
cumprimento do Acordo de Paris assim o obrigam.
Mas, se a aposta nas energias renováveis faz de nós um exemplo a nível mundial, não nos retira a
responsabilidade sobre a não existência de custos acrescidos para os portugueses, fruto dessa aposta, através
da tarifa. Nos dias de hoje é possível encontrar soluções que garantam a viabilidade económica dos
investimentos sem necessidade de se garantirem tarifas aos promotores, ao contrário do momento histórico em
que foi iniciado o caminho das renováveis.
A energia em Portugal continua a ter um peso excessivo nos custos das famílias e das empresas, mas, neste
ano, já foi possível haver uma baixa na tarifa do gás natural, na casa dos 20%, e um menor aumento da
eletricidade, desde a liberalização do mercado, e pela primeira vez abaixo da taxa de inflação. Para que não