I SÉRIE — NÚMERO 79
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Em paralelo, a aliança EUA, França e Reino Unido reforçou esta posição defendendo prontamente
retaliações contra o Governo sírio, isto sem apresentar um inquérito exaustivo sobre o ataque. Assim, a votação
sobre um documento conjunto que integrasse as três resoluções apresentadas, pelos EUA, França e Reino
Unido, respetivamente, foi adiada por veto da Federação Russa com o argumento que deveria haver uma
investigação internacional e multilateral da autoria dos ataques químicos.
A importância da multilateralidade na gestão de conflitos e na factualização/comprovação de eventos deve
ser uma matriz para todos os partidos, governos ou entidades que se envolvem na esfera do interesse público.
Curiosamente, a equidistância ponderada, sobretudo pelo não intervencionismo, é apoiada por membros do
Congresso Norte-Americano. O libertário e republicano Rand Paul afirmou que uma intervenção na Síria «tem
que passar pela aprovação do Congresso»; já o ex-candidato a presidente pelo Partido Democrata, Bernie
Sanders, clamou que «a diplomacia deve ser a primeira arma para combater na Síria e que os países do Médio
Oriente devem liderar o combate na região», questionando «como é que um ataque norte-americano pode
resolver o que quer que seja na Síria». Já a congressista Tulsi Gabbard é cética no que concerne à intervenção
militar dos Estados Unidos, tendo mesmo apresentado uma proposta de lei que visa cessar o financiamento do
seu país, direto e indireto, a grupos terroristas e armados no Médio Oriente [Stop Arming Terrorists Act
(H.R.608)].
Resumindo, para o PAN a retórica em torno de possíveis intervenções militares, nomeadamente em solo
sírio, de uma qualquer nação estrangeira, dificultarão a tão necessária e equidistante análise para a resolução
do conflito no país. Condenamos também qualquer ato terrorista, seja ele perpetuado por um indivíduo,
organização, instituição ou Estado, sabendo a priori que um mundo tolerante não se coaduna com a intolerância
económica, religiosa ou mesmo cultural.
O Deputado do PAN — Pessoas-Animais-Natureza, André Silva.
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Relativa ao projeto de resolução n.º 775/XIII (2.ª):
Nos últimos anos, têm sido várias as iniciativas adotadas pelo Parlamento com o objetivo de promover e
proteger a liberdade religiosa como direito fundamental em nome da dignidade humana, por vezes tão esquecida
nos debates e reflexões internacionais, apesar da sua enorme relevância e atualidade.
O Conselho de Direitos Humanos (CDH) da ONU é a sede institucional apropriada para dar voz ao
agravamento das violações e execuções seletivas e discriminadas dessas comunidades religiosas. Este assunto
tem que merecer uma ação prioritária no plano político.
Considerando que Portugal, na condição de país-membro do Conselho de Direitos Humanos da ONU, não
pode permanecer indiferente perante situações de extrema violência e que chegam ao nível de genocídio, com
graves consequências para a paz e estabilidade regionais e insensível ao sofrimento de muitas comunidades
porque querem ter o direito à liberdade religiosa.
A presença de Portugal no Conselho de Direitos Humanos constitui uma oportunidade e uma
responsabilidade, uma vez que nos proporciona uma capacidade de intervenção acrescida nos trabalhos deste
Conselho. Com a intenção de continuar a cumprir condignamente essa função, Portugal deve pugnar por uma
comunidade internacional mais atuante e vigilante contra as situações em que a intolerância e a perseguição se
sentem de forma mais dramática, e para a mobilização de uma consciência universal para a crescente
degradação dos direitos humanos e liberdades civis e, em particular, da investida brutal de grupos extremistas
contra comunidades religiosas e étnicas.
Considerando que a atuação de Portugal não se esgota no Conselho de Direitos Humanos da ONU. Também
no quadro do Conselho Europeu e, em particular, no Conselho dos Negócios Estrangeiros (CNE), Portugal deve
sinalizar o seu empenho na defesa e promoção da liberdade religiosa, assumindo plenamente a
responsabilidade de garantir uma agenda europeia de proteção dos direitos humanos forte, independente e
exigente. Devemos estar na linha da frente da afirmação e ação de uma política externa de direitos humanos da
UE.