I SÉRIE — NÚMERO 85
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Aplausos do PSD.
O Sr. Presidente: — Para apresentar o projeto de resolução do PCP, tem a palavra o Sr. Deputado Bruno
Dias.
O Sr. Bruno Dias (PCP): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados: A proposta do PCP coloca três elementos
centrais.
O primeiro, relativo à situação concreta que se verifica atualmente no sul do País, em que propomos a
suspensão da pesquisa e prospeção de hidrocarbonetos ao largo de Aljezur até à conclusão e divulgação pública
das avaliações de impacte ambiental e do impacto noutras atividades económicas.
O segundo elemento, de âmbito nacional, propondo a reavaliação dos contratos de concessão para todas
estas vertentes, considerando a experiência já verificada neste âmbito e garantindo a proteção do ambiente e a
defesa dos interesses do País em todos os planos.
Finalmente, a nossa reafirmação de uma questão incontornável neste debate: a necessidade da intervenção
do Estado e o controlo público nos processos de prospeção, pesquisa e exploração dos nossos recursos
energéticos, assegurando que a decisão sobre a exploração do recurso é compatível com a salvaguarda dos
valores ambientais e do interesse público.
Há pouco menos de um ano, a 1 de julho de 2016, a aprovação por esta Assembleia do projeto de resolução
n.º 307/XIII (1.ª), do PCP — em larga medida, das propostas aí apresentadas —, constituiu um avanço positivo,
um importante passo para o regime mais justo que hoje temos, com a exigência da adequada avaliação e
ponderação dos impactos que estas atividades em cada situação podem comportar.
É indispensável, portanto, a concretização das medidas já apontadas: o reforço de meios nos serviços
competentes, a efetiva participação das populações, dos autarcas, das associações de defesa do ambiente, dos
agentes económicos, sociais e culturais nestes processos.
Conforme o PCP tem vindo a sublinhar, a grande questão que é colocada é a da incompatibilidade entre, por
um lado, a proteção dos valores ambientais e o desenvolvimento de outras atividades económicas e, por outro,
a prospeção e a exploração de petróleo e/ou gás natural.
Sendo legítimas estas dúvidas e inquietações, o PCP reafirma que o País não pode, à partida, rejeitar a
necessidade de conhecer e ponderar o aproveitamento dos seus recursos energéticos não renováveis,
nomeadamente os hidrocarbonetos.
Reafirmamos: é preciso estudar, avaliar, ponderar. Estudar a viabilidade da sua exploração comercial e os
potenciais benefícios; avaliar os riscos ambientais e a possibilidade de os eliminar; ponderar os impactos noutras
atividades económicas.
Só com esse estudo, só com essa avaliação e essa ponderação é que o País estará em condições para, de
uma forma esclarecida, tomar uma decisão.
Os interesses nacionais não podem ser comprometidos junto de qualquer empresa do setor energético, pelo
que o PCP considera que não deverão ser assinados novos contratos de concessão, de prospeção e pesquisa
de petróleo e/ou gás natural sem que, previamente, sejam realizados os necessários estudos de impacte
ambiental e económico.
Finalmente, é indispensável tomar as medidas adequadas para a recuperação do controlo público sobre o
setor energético, assim como para o desenvolvimento das capacidades técnicas e científicas neste setor.
É este o sentido de uma política na defesa da soberania e do desenvolvimento a que o País e o povo
português têm direito, é este o sentido da nossa proposta.
Aplausos do PCP.
O Sr. Presidente: — Tem a palavra, para uma intervenção, o Sr. Deputado Hélder Amaral, do CDS-PP.
O Sr. Hélder Amaral (CDS-PP): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados: Considero que este debate é
muito sério e que merece ser feito com rigor e não com insinuações ou acusações torpes como as que assistimos
aqui, nomeadamente por parte da bancada do Partido Socialista.