I SÉRIE — NÚMERO 85
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O Sr. Presidente: — Tem a palavra, para uma intervenção, a Sr.ª Deputada Heloísa Apolónia.
A Sr.ª Heloísa Apolónia (Os Verdes): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados: Temos, hoje, vários projetos
em discussão sobre pontos diversificados, até diferentes.
Quero dizer-vos que Os Verdes não apresentaram nenhuma iniciativa legislativa para esta discussão, porque
temos um projeto na comissão — que faremos subir para votação na próxima quinta-feira — que pede o quê?
A suspensão dos contratos de pesquisa e exploração de hidrocarbonetos em vigor, com o objetivo de um
verdadeiro envolvimento e sentimento da comunidade, fundamentalmente das comunidades locais.
Olhando para os projetos que os outros grupos parlamentares aqui trouxeram à discussão, verificamos que,
sobre os contratos atualmente em vigor, há um que não toca nesta matéria, o do Bloco de Esquerda e do PAN,
e outro, o do PCP, pede também a suspensão desses contratos, de modo a que seja feita uma reavaliação dos
mesmos.
Julgamos que é uma questão que deve ser tida em conta, porque, Sr.as e Srs. Deputados, alguma solução
têm de ter esses contratos, que estão verdadeiramente contra os interesses do desenvolvimento sustentável
das diversas regiões afetadas, contra os interesses das atividades mais sustentáveis dessas regiões e contra
os interesses das populações. Eles vão, de resto, em contraciclo com os compromissos assumidos pelo País
relativamente ao combate às alterações climáticas e aos objetivos que tem de ter nessa matéria, tendo
obviamente de arrastar, para ser eficaz, medidas concretas para a prossecução desses objetivos.
Já os projetos do PSD e do PS dão-nos a ideia de que não trazem nada de novo. É daquelas situações em
que parece que querem dizer alguma coisa, mas sem resolver absolutamente nada.
Repare-se: o PS pede uma consulta prévia aos municípios — coisa que a Assembleia da República, até por
uma iniciativa de Os Verdes, já resolveu, designadamente com a avaliação de impacte ambiental na fase de
pesquisa e na fase de exploração —, mas que nem vinculativa é. Portanto, nem aquece, nem arrefece.
Relativamente ao projeto do PSD, é pedido um relatório pormenorizado sobre os contratos em vigor e eu
pergunto para quê. Sr.as e Srs. Deputados, também me parece que não vai ter grande efeito prático.
Esta é a leitura que, à partida, Os Verdes fazem dos projetos que estão em discussão.
Como referi, o projeto do Bloco e do PAN não apresenta nenhuma solução relativamente aos contratos em
vigor, visa contratos futuros. Nós, deste Governo, já temos a garantia do Primeiro-Ministro de que não haverá
nenhuma assinatura de novo contrato, mas a verdade é que este projeto visa outras legislaturas.
Portanto, devemos fixar uma regra, na legislação portuguesa, sobre a impossibilidade de pesquisa e de
exploração de hidrocarbonetos, a não ser para fins científicos com determinadas regras.
O Sr. Presidente: — Peço-lhe para concluir, Sr.ª Deputada.
A Sr.ª Heloísa Apolónia (Os Verdes): — Termino, Sr. Presidente.
Os Verdes não veem, evidentemente, qualquer obstáculo a que esta proposta seja concretizada.
O Sr. António Filipe (PCP): — Muito bem!
O Sr. Presidente: — Para encerrar o debate, tem a palavra o Sr. Deputado Jorge Costa, do Bloco de
Esquerda.
O Sr. Jorge Duarte Costa (BE): — Sr. Presidente: Em grande medida, este debate refugiou-se no passado.
Estivemos a falar dos contratos em vigor, da avaliação de impactes ambientais futuros, mas do que o Bloco
de Esquerda e o PAN aqui trouxeram falou-se pouco. No entanto, o que está em causa no projeto de lei do BE
e do PAN é o futuro, é saber se queremos uma resposta, em termos de modelo energético, que diga muito
claramente ao mundo que Portugal encerra o dossier da exploração de hidrocarbonetos. É porque não há
nenhuma política de transição para as renováveis, de resposta às alterações climáticas e em linha com o Acordo
de Paris que seja compatível com novas concessões — hoje, inexistentes, mas que poderão existir no futuro —
, com vista à exploração de petróleo e gás no território nacional.
O Sr. Pedro Filipe Soares (BE): — Muito bem!