18 DE MAIO DE 2017
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Acresce — essa não é a questão fundamental, mas não podemos deixar de a referir — que estamos a falar
de serviços de informações cujos mecanismos de fiscalização não deram provas de credibilidade até ao
momento, e temos imensos casos que o comprovam. De facto, temos uma discordância fundamental
relativamente ao modelo de fiscalização existente em Portugal.
Não está em causa a idoneidade das pessoas que integram os sucessivos conselhos de fiscalização, mas
está em causa…
O Sr. Presidente (Jorge Lacão): — Peço-lhe para concluir, Sr. Deputado.
O Sr. António Filipe (PCP): — Vou concluir, Sr. Presidente.
Como eu dizia, o que está em causa é o modelo, ao qual não reconhecemos credibilidade, a que acresce o
facto de, recorrentemente, sermos confrontados com situações de impasse na própria designação dos membros
do conselho de fiscalização, o que faz com que, em determinados lapsos temporais, nem sequer fiscalização
exista.
Portanto, são questões que, quando discutimos esta matéria, não podemos, de forma nenhuma, ignorar.
Aplausos do PCP.
O Sr. Presidente (Jorge Lacão): — Tem a palavra, para uma intervenção, assim encerrando este ponto, o
Sr. Deputado Telmo Correia.
O Sr. Telmo Correia (CDS-PP): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados: Em nome do CDS, diria que em
boa hora trouxemos estas matérias a debate em Plenário; em boa hora conseguiremos avançar; em boa hora o
Governo apresentou, também, a sua proposta sobre metadados; e, em boa hora, daremos, aqui, um passo
positivo. Portanto, em primeiro lugar, e em nome do CDS, congratulo-me por termos marcado este debate.
Quero dizer, em segundo lugar, que o debate, na minha perspetiva, foi enriquecedor e foi sobre uma matéria
e uma realidade que existe, de facto. A ameaça terrorista não é uma ficção, a ameaça terrorista existe, está
estudada, está nos nossos relatórios, tem-se manifestado na Europa. Não há nenhum tipo de ficção aqui e, por
isso, temos a obrigação de responder e de melhorar os mecanismos de segurança.
Alguns Srs. Deputados dizem, em relação aos aeroportos, que já está. Bom, tanto quanto sei, o Governo
está a estudar e a tentar melhorar, com atraso ou sem atraso, e é positivo que o faça. Alguém quer ser mais
apoiante até do que o próprio Governo, o que é uma coisa absolutamente risível.
Em relação à proximidade, espero que estejamos todos de acordo, enfim, se não todos — porque alguns
procurarão sempre ficar isolados —, espero que haja uma larga maioria de acordo.
Quanto à questão dos metadados, quero dizer que compreendo o Sr. Deputado Pedro Delgado Alves, as
reflexões que faz e as preocupações que traz. No entanto, quero dizer que o modelo do CDS não é assim tão
diferente do modelo do Governo, porque ambos se baseiam no Supremo Tribunal, ambos se baseiam num
conjunto de juízes, ainda que o conjunto de juízes seja diferente, o modelo do Governo é, noutras matérias, mais
detalhado, nós remetemos para regulamentação matérias que o Governo apresenta agora. No entanto, a nossa
expectativa é que ambos possam ser aprovados…
O Sr. Nuno Magalhães (CDS-PP): — Muito bem!
O Sr. Telmo Correia (CDS-PP): — … e se possa chegar a um texto comum, que resolva, de uma vez por
todas, esta matéria.
Alguns Srs. Deputados, designadamente do Bloco de Esquerda e do PCP, insistem que, mesmo assim,
mesmo com esta proposta do CDS e com esta proposta do Governo, estamos ainda no domínio da
inconstitucionalidade. Bom, eu diria que, assim, temos um problema grave, mas é com a Constituição.
A Sr.ª Joana Mortágua (BE): — Com a Constituição?!
O Sr. Jorge Machado (PCP): — O problema é que a Constituição foi esquecida há muito tempo.