I SÉRIE — NÚMERO 89
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Aplausos do BE.
O Sr. Presidente (Jorge Lacão): — Srs. Deputados, concluído o período destinado a declarações políticas,
passamos à fase de intervenções, ao abrigo do n.º 2 do artigo 76.º do Regimento da Assembleia da República.
A Mesa regista a inscrição de três Srs. Deputados para intervenções neste ponto e determina o n.º 2 do artigo
76.º que as intervenções devem ser alternadas, em função dos respetivos grupos parlamentares. Assim sendo,
terão a palavra, em primeiro lugar, o Sr. Deputado Jorge Paulo Oliveira, do PSD, depois, o Sr. Deputado Renato
Sampaio, do PS, e, finalmente, a Sr.ª Deputada Ângela Guerra, do PSD.
Foi também admitido pela Mesa, de acordo com o parecer solicitado à 1.ª Comissão, o princípio da
possibilidade de haver pedidos de esclarecimento, nos termos do n.º 6 do artigo 71.º, aquela disposição que
prevalece também para as declarações políticas, portanto, será admitido um pedido de esclarecimento por cada
grupo parlamentar. Prevalecerá, igualmente, a mesma metodologia para a inscrição dos Srs. Deputados que
desejem pedir esclarecimentos, ou seja, a Mesa aceitará as inscrições até ao final da intervenção do orador.
Creio que estamos inteiramente esclarecidos.
Tem, então, a palavra, o Sr. Deputado Jorge Paulo Oliveira para uma intervenção.
O Sr. Jorge Paulo Oliveira (PSD): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados: Chama-se estrada nacional n.º
14 e liga Porto a Braga, atravessando os municípios da Maia, da Trofa e de Vila Nova de Famalicão.
Falar da EN14 é falar do principal eixo distribuidor de trânsito para acesso aos portos de mar, ao aeroporto
e à rede transeuropeia de autoestradas para milhares de empresas; é falar de uma das maiores concentrações
de investimento direto estrangeiro; é falar de uma via que serve aproximadamente 1 milhão de pessoas, que
atravessa 30 polos industriais onde trabalham cerca de 128 000 pessoas; é falar de uma estrada que suporta
diariamente 45 000 veículos, entre eles 6000 camiões.
Falar da EN14 é falar de uma via completamente esgotada, insegura e intransitável.
Neste contexto, a construção de uma alternativa viária assume-se como uma obra absolutamente
estruturante, necessária e urgente. Só com a sua construção será possível incrementar o elevado índice
industrial situado a norte da Área Metropolitana do Porto e a sul do Vale do Ave.
Vale a pena relembrar que, quando havia fundos disponíveis em abundância para o efeito, os governos
socialistas do Eng.º José Sócrates preferiram outras estradas, outras autoestradas, outros investimentos.
Hoje, como se vê, muitos deles são pouco ou nada utilizados. Foi o tempo das autoestradas sem carros e
dos aeroportos sem aviões, que tiveram o condão de endividar fortemente o País.
Em contrapartida, foram esquecidas infraestruturas rodoviárias reprodutivas, facilitadoras do processo
exportador e habilitadas a reduzir os custos de contexto das empresas.
A alternativa à EN14 é disso um bom exemplo. Com o País a atravessar uma grave crise, sem financiamento
externo ajustado e com os cofres públicos exauridos, o anterior Governo, PSD/CDS-PP, tinha de encontrar, e
encontrou, uma solução infraestrutural diferente da inicial, realista, concertada com os autarcas, menos custosa
para o erário público, mas igualmente eficiente. Por razões várias, a obra foi faseada na sua execução, uma
solução que mereceu o aplauso generalizado dos autarcas, dos empresários e das populações.
Ainda na vigência do anterior Governo, PSD/CDS-PP, a Infraestruturas de Portugal cabimentou, abriu
concurso para a execução da primeira fase da obra e, inclusive, iniciou o processo de expropriações bem como
os estudos e projetos para as demais fases.
Infelizmente, com a tomada de posse do Governo de António Costa, de Catarina Martins e de Jerónimo de
Sousa, cedo se percebeu que a maior barreira ao avanço desta importantíssima infraestrutura rodoviária residia
exatamente no próprio Governo — sim, no próprio Governo! —, que, através do Sr. Ministro do Planeamento e
das Infraestruturas, não demorou a dar o pontapé de saída para um ciclo de mentiras que parece não ter fim.
O atual Governo mentiu; mentiu quando disse que a obra não estava cabimentada, sabendo que estava a
correr um concurso público para a sua execução; mentiu quando afirmou que precisava de reavaliar o projeto
— curiosamente, esta afirmação foi proferida no término do prazo para a apresentação de propostas para o
concurso público da primeira fase —; mentiu quando disse que a obra só podia ser feita de forma integral depois
de ser assumida como boa a sua execução faseada.