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19 DE MAIO DE 2017

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Sr.ª Deputada Maria da Luz Rosinha, agradecendo-lhe igualmente as questões colocadas, quero dizer-lhe

que, durante todo este processo, o Bloco de Esquerda esteve, e está, obviamente empenhado em trabalhar e

aprofundar toda a legislação que tenha a ver com políticas de habitação que respondam efetivamente aos

cidadãos.

Deu também alguns exemplos. A verdade é que a liberalização que vimos não conduziu à melhoria do

mercado mas, sim, à expulsão das pessoas — este é um facto adquirido e um ponto de partida que temos em

conjunto.

Portanto, olhando para o problema e percebendo qual é o problema, temos de o aprofundar. Sempre

estivemos e estaremos disponíveis para aprofundar essas mesmas políticas, porque corremos o risco de, daqui

a alguns anos — e não falo de décadas, falo de muito poucos anos —, termos centros históricos que não têm

ninguém que tivesse estado na origem desses mesmos bairros e isso é extremamente grave. Não podemos

deixar passar em branco esta situação. E é bom que estes debates também sirvam para esse aprofundamento.

Aplausos do BE.

O Sr. Presidente (Jorge Lacão): — Para uma outra ronda de perguntas, tem a palavra a Sr.ª Deputada Rita

Rato.

A Sr.ª Rita Rato (PCP): — Sr. Presidente, Sr.ª Deputada Isabel Pires, quero também saudar a sua

intervenção sobre esta matéria e dizer-lhe que o que relata traduz bem a atual realidade da cidade de Lisboa,

que é, aliás, semelhante ao que aconteceu noutras capitais europeias. Ora, isso, por si só, também deveria

servir para que as instituições públicas não permitissem que acontecesse aqui o que já aconteceu noutras

cidades e que se tomassem medidas nesse sentido. Isso não aconteceu e, de facto, hoje, a cidade de Lisboa,

mas também a do Porto e muitas outras cidades estão confrontadas com o problema dos impactos do turismo

no direito à habitação e noutros direitos, como a questão da mobilidade e dos transportes públicos.

É verdade que o problema da habitação na cidade de Lisboa não é de agora, mas também é verdade que,

com os impactos da «turistificação», conheceu agravamentos muito significativos.

É óbvio que este trabalho foi bem preparado e que a Ministra de então, do CDS, deu um contributo

inestimável. Na altura, não precisou de vestir as calças de ganga, mas fez uma lei dos despejos. E, fazendo

uma lei dos despejos que preparou este caminho, permitiu que o centro da cidade, e a cidade no seu todo,

porque o aumento dos custos teve reflexo em toda a cidade de Lisboa, despejasse os seus idosos e, com isso,

permitisse o aumento brutal do custo das rendas.

Hoje, qualquer jovem família ou qualquer família que queira adquirir ou arrendar uma casa na cidade de

Lisboa encontra muitas dificuldades, porque os preços estão profundamente inflacionados.

Por isso mesmo, há uma responsabilidade direta do PSD e do CDS com a aprovação de uma lei dos despejos

cujo objetivo não era proteger o direito à habitação mas, sim, fragilizar o direito à habitação, transformando a

habitação, que é um direito consagrado na Constituição, num negócio para os grupos económicos, que

souberam aproveitar essa oferta da, então, Ministra Assunção Cristas, que, hoje, candidata à Câmara Municipal

de Lisboa, vem dizer que, afinal, é preciso mudar de roupa para visitar os bairros sociais.

Entendemos que esta é uma matéria muito importante. De facto, têm de ser tomadas medidas imediatas para

impedir que os impactos do turismo afastem ainda mais cidadãos da cidade de Lisboa e para consagrar o direito

à habitação.

O Sr. Presidente (Jorge Lacão): — Peço-lhe para concluir, Sr.ª Deputada.

A Sr.ª Rita Rato (PCP): — Vou concluir, Sr. Presidente.

O PCP está obviamente empenhado em prosseguir esse caminho com propostas que apresentámos na

Assembleia da República, mas que queremos continuar a assumir, porque há uma dimensão da abordagem do

problema que é local e que é autárquica, mas há responsabilidades públicas, por parte do IHRU e do Governo,

que não podem ficar para trás.