19 DE MAIO DE 2017
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Entre 2011 e 2015, Portugal foi dos países da União Europeia que mais reduziram a despesa pública com a
saúde, diga-se, em contraciclo com o resto da Europa.
Estes cortes na saúde deixaram marcas muito profundas nos médicos, claro, mas também nos enfermeiros
e, particularmente, nos portugueses. Com certeza que não se pode repor num dia o que a direita cortou em
quatro anos.
O Sr. João Torres (PS): — Muito bem!
A Sr.ª Isabel Galriça Neto (CDS-PP): — Oh!…
O Sr. Luís Graça (PS): — Ainda assim, o Ministério da Saúde garantiu a reposição do valor da hora
extraordinária, com efeito retroativo a 1 de abril, que havia sido reduzida por VV. Ex.as em 50%;…
O Sr. Presidente (Jorge Lacão): — Já atingiu o seu tempo, Sr. Deputado.
O Sr. Luís Graça (PS): — … garantiu já várias medidas, está aberto ao diálogo e voltou a negociar com os
médicos.
Sr.ª Deputada Isabel Galriça Neto, a pergunta que lhe quero colocar é a seguinte: se o CDS deixou de se
importar com a gestão rigorosa e a sustentabilidade do SNS, como defendia no passado, e hoje vem aqui
defender, não digo 20 estações de metro para Lisboa mas que se dê tudo, e tudo ao mesmo tempo, isto é, que
faça chuva no nabal e sol na eira em simultâneo?!
Aplausos do PS.
O Sr. Presidente (Jorge Lacão): — Também para formular perguntas, tem a palavra o Sr. Deputado Moisés
Ferreira.
O Sr. Moisés Ferreira (BE): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados, em primeiro lugar, quero saudar a Sr.ª
Deputada Isabel Galriça Neto pelo tema que nos traz.
Sr.ª Deputada, a minha primeira palavra é de surpresa para com o conteúdo da sua declaração política,
porque espanta ouvir o CDS-PP falar de subfinanciamento e de desinvestimento na área da saúde. Talvez não
se lembre, mas posso perguntar-lhe se a Sr.ª Deputada se lembra que o CDS-PP votou, por exemplo, um
Orçamento do Estado para 2012 que previa uma redução de 639 milhões de euros para o Serviço Nacional de
Saúde, ou se se lembra que votou o Orçamento de 2014, por exemplo, que previa uma nova redução de 219
milhões de euros para o Serviço Nacional de Saúde.
Portanto, vir agora falar de desinvestimento e de subfinanciamento só pode ser mesmo uma declaração
pública de que o CDS-PP só serve a este País quando está aí sentado, na oposição. É que quando está no
Governo, efetivamente, não serve a este País.
E, já agora, a Sr.ª Deputada podia também explicar neste debate às portuguesas e aos portugueses, se está
tão preocupada com o desinvestimento e o subfinanciamento, por que razão é que o CDS-PP se absteve num
projeto de resolução do Bloco de Esquerda que propunha um compromisso plurianual para um maior
investimento no Serviço Nacional de Saúde.
Veja o que dizia esse projeto do Bloco de Esquerda: «… que se assuma um compromisso e apresente um
plano plurianual para o aumento do financiamento ao Serviço Nacional de Saúde…». Como é que o CDS-PP
votou? Absteve-se!
Dizia ainda o projeto: «… que se apresente, no âmbito desse plano plurianual, os investimentos para
intervenção em edifícios e aquisição de equipamentos para o SNS…». Como votou o CDS-PP? Absteve-se! E
porquê? Porque, realmente, na base está uma grande diferença na forma de encarar e de lidar com o Serviço
Nacional de Saúde. É que o CDS-PP, tanto no passado como agora, olha para o Serviço Nacional de Saúde,
deteta um subfinanciamento e tem como solução corte e privatização. O Bloco de Esquerda deteta um
subfinanciamento e tem como proposta o aumento do financiamento e o crescimento do Serviço Nacional de
Saúde.