19 DE MAIO DE 2017
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Quanto ao teor da petição, à qual o PS se juntou com o projeto de resolução em discussão, nós, no CDS,
entendemos que a consagração de dias nacionais não deve, nem pode, ser vulgarizada, pois a sê-lo tornaria
injusta a distinção para com os dias que importa, de facto, consagrar.
Entendemos, pois, que só factos, acontecimentos e movimentos verdadeiramente importantes e com
reconhecimento transversal a toda a sociedade devem ter esse reconhecimento. E é isso mesmo que aqui
estamos a falar, é um desses casos verdadeiramente importante: o mutualismo, com uma abrangência nacional,
uma importância histórica que celebra 720 anos de existência em Portugal, pelo que acompanhamos as
pretensões dos peticionários.
Entendemos é que, apesar desta justeza do ato e que esperamos que seja aprovada, precisamos mais do
que a consagração de um dia nacional. As associações mutualistas e as restantes entidades da economia social
necessitam mais do Governo.
Como sabemos, para estas instituições, praticamente, a fonte principal de financiamento é a do Estado e,
recentemente, foi celebrado o Compromisso de Cooperação 2017-2018, o qual prevê atualização da
comparticipação da segurança social, em 2017, de 2,1%. Esta atualização, em nosso entender, é
manifestamente insuficiente, conforme defendemos num projeto que apresentámos nesta Câmara mas que,
infelizmente, foi reprovado por esta Assembleia.
Considerando que o Governo prevê uma inflação de 1,5% para o presente ano e o Banco de Portugal prevê
uma inflação similar para 2018, o que perfaz um aumento da inflação de 3%,…
O Sr. Presidente (Jorge Lacão): — Peço-lhe o favor de concluir, Sr. Deputado.
O Sr. Filipe Anacoreta Correia (CDS-PP): — … se acrescentarmos os 0,4% do aumento do salário mínimo
e o impacto da descida da TSU (taxa social única) de 1,25%, percebemos que claramente era preciso uma
atualização de 4%, como sugerimos.
Seja como for, saudamos esta iniciativa e desejamos que o Dia do Mutualismo em Portugal possa ser
consagrado na lei.
Aplausos do CDS-PP.
O Sr. Presidente (Jorge Lacão): — Tem a palavra, para uma intervenção, a Sr.ª Deputada Helga Correia,
do PSD.
A Sr.ª Helga Correia (PSD): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados: Permitam-me que, em primeiro lugar,
na pessoa do Dr. Luís Alberto Silva, Presidente da União das Mutualidades Portuguesas, cumprimente os mais
de 4000 subscritores da petição em debate.
Os peticionários da petição n.º 68/XIII (1.ª) pretendem a institucionalização do dia 8 de julho como Dia
Nacional do Mutualismo, ao qual o Grupo Parlamentar do PSD se quer associar.
Com a presente petição, os peticionários querem ver reconhecida a importância do mutualismo, toda a sua
história e a atividade desenvolvida pelo movimento mutualista que, em Portugal, envolve 1 milhão de associados
e chega a 2,5 milhões de beneficiários.
Em 2017, o mutualismo assinalou 720 anos de existência, pelo que institucionalizar o Dia Nacional do
Mutualismo é reconhecer a importância que o mutualismo tem na sociedade portuguesa e nos valores cívicos e
sociais que tem transmitido ao longo dos anos da sua existência.
Falo, em concreto, dos valores do mutualismo: «Eu contribuo hoje para ajudar o outro, porque hoje é o outro
que precisa, amanhã posso ser eu…». Este é o verdadeiro espírito do mutualismo: dar mais a quem tem menos.
O espírito de entreajuda foi o fator determinante para a criação destas associações que surgiram para socorrer
os que menos têm.
A Sr.ª Maria das Mercês Soares (PSD): — Muito bem!
A Sr.ª Helga Correia (PSD): — Nesse sentido, não posso deixar de enaltecer, nesta Câmara, o papel
preponderante e essencial que o movimento mutualista tem assumido na transmissão de valores fundamentais,