I SÉRIE — NÚMERO 89
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Comunicações), juntamente com o projeto de lei n.º 303/XIII (2.ª) — Repõe direitos e rendimentos e assegura o
direito à contratação coletiva no setor público empresarial, revogando as normas gravosas do Decreto-Lei n.º
133/2013, de 3 de outubro (PCP), na generalidade, e o projeto de resolução n.º 865/XIII (2.ª) — Recomenda
uma alteração do regime jurídico do setor público empresarial que respeite o direito à contratação coletiva e uma
nova orientação para a gestão do setor público empresarial (BE).
Para apresentar o projeto de lei n.º 303/XIII (2.ª), tem a palavra o Sr. Deputado Bruno Dias, do PCP.
O Sr. Bruno Dias (PCP): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados: Queremos saudar a FECTRANS —
Federação dos Sindicatos de Transportes e Comunicações e os 5100 homens e mulheres que assinaram esta
petição, contra o Decreto-Lei n.º 133/2013, aprovado pelo anterior Governo, PSD/CDS.
Esse diploma impôs uma situação verdadeiramente infernal no funcionamento das entidades públicas
empresariais, empresas de capital público, das entidades dos setores empresariais local e regional,
comprometendo a sua garantia de serviços públicos fundamentais.
Foi o absoluto desrespeito pela contratação coletiva e a imposição unilateral de condições remuneratórias
francamente desfavoráveis aos trabalhadores, numa visão de desvalorização do trabalho e de liquidação de
direitos conquistados.
Na apreciação pública deste projeto de lei do PCP, foram muitas as organizações de trabalhadores em
funções públicas e sociais, ou de diversos setores, dos transportes e comunicações à energia e ambiente —
que daqui também queremos saudar —, que se pronunciaram neste processo, sublinhando a urgente
necessidade de revogar estas normas, com particular destaque para o artigo 18.º deste Decreto-Lei. Este artigo,
sobrepondo-se de forma imperativa à contratação coletiva, manda aplicar nestas empresas os montantes de
subsídio de refeição, de abono, de ajudas de custo e de transporte que se aplicam aos trabalhadores em funções
públicas.
Para o PCP, uma gestão sustentada e equilibrada não pode evidentemente descurar a componente
financeira, a necessária disponibilização e gestão dos recursos para o investimento e a capacidade de resposta
destas empresas no cumprimento da sua missão. Mas é inaceitável que se ignore e subestime a própria razão
de ser das empresas, a sua componente económica e social.
Oportunamente, alertámos para as consequências deste diploma. E aí estão elas: a degradação da qualidade
e fiabilidade dos serviços públicos, o abandono de projetos estratégicos.
A simples realização de pequenas reparações ou a aquisição de peças sobressalentes (ou até de parafusos!)
tornaram-se um calvário de burocracia nas empresas e serviços. Que o digam os trabalhadores da
Metropolitano, da Carris ou da EMEF, ou da Transtejo e da Soflusa. Era mesmo para criar dificuldades e abrir
caminho às privatizações!
A Sr.ª Carla Cruz (PCP): — Exatamente!
O Sr. Bruno Dias (PCP): — Sr. Presidente, Srs. Deputados: Com o contributo do PCP, a Lei do Orçamento
do Estado para 2017 aprovou a alteração ao Decreto-Lei em questão para dar resposta a prementes
necessidades das empresas e a justas reivindicações dos trabalhadores.
Foi possível avançar com alterações mais urgentes, com a revogação do normativo que impõe a prática de
um conjunto de cortes nos rendimentos dos trabalhadores e que impõe, ainda, a sobreposição imperativa desses
cortes à contratação coletiva.
Importa, agora, prosseguir esse caminho, em defesa dos trabalhadores e do futuro das empresas. É nesse
sentido que o projeto de lei do PCP visa assegurar o cumprimento das funções económicas e sociais do setor
público empresarial e o respeito pelos direitos dos trabalhadores, revogando os artigos 15.º, 18.º, os n.os 2 e 3
do artigo 34.º e o n.º 3 do artigo 35.º do Decreto-Lei n.º 133/2013.
A Assembleia da República tem a responsabilidade, a oportunidade e a competência para legislar, resolvendo
este problema de forma concreta e efetiva. Assim os Srs. Deputados assumam essa opção.
Com esta iniciativa, o PCP reafirma a sua solidariedade e compromisso de sempre com a luta travada ao
longo dos anos pelos trabalhadores na defesa dos seus direitos e na garantia de um setor público empresarial
dinâmico, eficiente, capaz de desempenhar um papel determinante no desenvolvimento económico e social do
País.