I SÉRIE — NÚMERO 89
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O Sr. Presidente (Jorge Lacão): — Para uma intervenção, tem a palavra a Sr.ª Deputada Wanda Guimarães,
do PS.
A Sr.ª Wanda Guimarães (PS): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados: Em nome do Partido Socialista,
quero cumprimentar os peticionários, os dirigentes da FECTRANS e saudar, de forma muito especial, o terem
escolhido a petição, que é um instrumento de participação cívica e política, e também a vossa resistência.
Em causa está a revogação do Decreto-Lei n.º 133/2013.
Tive o prazer de receber uma delegação sindical em janeiro deste ano e de ouvir os argumentos avançados,
embora, nessa altura, já existisse algum desfasamento, uma vez que a petição n.º 96/XIII (1.ª), em apreço, foi
admitida antes da aprovação do Orçamento do Estado para 2017, que veio a revogar o tão falado n.º 4 do artigo
18.º, isto é, o regime fixado neste ponto deixou de ser prevalecente sobre as convenções coletivas, o que
significa que a imperatividade do regime, em janeiro, já não existia. Aliás, a aprovação do artigo 21.º do mesmo
Orçamento também pretendeu responder às questões colocadas, nomeadamente no que respeita ao
pagamento, ou seja, foi aberto espaço negocial para determinadas matérias e afastado o constrangimento que
o n.º 4 representava.
Na audiência, tive oportunidade de referir três pontos: a importância do serviço público para o PS, como
garante da igualdade de acesso dos cidadãos a serviços de qualidade; a qualidade dos serviços implica sempre
trabalhadores valorizados e que gozem de boas condições de trabalho; na nossa ótica, é imprescindível dar
espaço negocial aos sindicatos para que estes possam afirmar a sua indispensabilidade.
Ora, de janeiro até hoje, conhecemos novos e, felizmente, auspiciosos dados no que respeita à negociação
coletiva: aumentou 50% relativamente a 2015 e, pela primeira vez, é possível referir um crescimento real dos
salários das convenções acima da inflação.
Na forja está, também, a agilização das portarias de extensão, instrumentos essenciais para a cobertura e
proteção dos trabalhadores e das trabalhadoras. Aliás, na audiência, Sr. Deputado Bruno Dias, tinha salientado
os avanços significativos existentes nos processos negociais, nomeadamente por via da revogação do n.º 4 do
artigo 18.º. E sejamos claros: nada impede, neste momento, que as partes negoceiem.
Afastado o constrangimento que originou esta petição e incidindo o projeto de lei do Partido Comunista
Português e o projeto de resolução do Bloco de Esquerda sobre matérias similares, alargado o espaço negocial,
reforçada a negociação coletiva, agilizadas as portarias de extensão, com o emprego a crescer e o desemprego
a diminuir, entendemos que este assunto não é uma prioridade.
O Sr. Presidente (Jorge Lacão): — Peço-lhe o favor de concluir, Sr.ª Deputada.
A Sr.ª Wanda Guimarães (PS): — Vou já terminar, Sr. Presidente.
Quando chegar a altura de atuar, cá estaremos, como sempre, a defender a excelência dos serviços
públicos…
Vozes do PSD: — Ah!
A Sr.ª Wanda Guimarães (PS): — … e a prestação inestimável dos seus trabalhadores.
Aplausos do PS.
O Sr. Presidente (Jorge Lacão): — Para uma intervenção, tem, agora, a palavra o Sr. Deputado António
Carlos Monteiro, do CDS-PP.
O Sr. António Carlos Monteiro (CDS-PP): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados: Quero começar por
saudar os peticionários, desde logo a Federação dos Sindicatos dos Transportes e Comunicações, que
promoveu esta petição.
O que é que se pretende com esta petição? Revogar o Decreto-Lei n.º 133/2013, que aprovou o regime
jurídico do setor público empresarial.