O texto apresentado é obtido de forma automática, não levando em conta elementos gráficos e podendo conter erros. Se encontrar algum erro, por favor informe os serviços através da página de contactos.
Não foi possivel carregar a página pretendida. Reportar Erro

I SÉRIE — NÚMERO 89

72

É bom que os portugueses saibam que PS, PCP e Bloco fecham acordos e, depois, fingem que nada têm a

ver com eles. Haja um pouco de seriedade política, Srs. Deputados! Um pouco de seriedade política neste

debate!

Aplausos do CDS-PP e do PSD.

O Sr. Presidente (Jorge Lacão): — Para uma intervenção, tem a palavra o Sr. Deputado José Luís Ferreira,

de Os Verdes.

O Sr. José Luís Ferreira (Os Verdes): — Sr. Presidente, antes de mais, gostaria de dizer o seguinte: Sr.

Deputado António Carlos Monteiro, se a petição tem uma grande carga ideológica, o que diremos do diploma

que queremos revogar? É neutro? É isso que nos vai dizer? Não brinque com coisas sérias, Sr. Deputado!

Vozes do PCP: — Muito bem!

O Sr. José Luís Ferreira (Os Verdes): — Sr. Presidente, Srs. Deputados: As primeiras palavras são para

saudar, em nome do Grupo Parlamentar do Partido Ecologista «Os Verdes», os milhares de cidadãos que

subscreveram a petição que agora estamos a discutir, uma saudação que se estende, naturalmente, à

Federação dos Sindicatos dos Transportes e Comunicações, que a promoveu e dinamizou.

Através desta petição, pretendem os subscritores que a Assembleia da República proceda à revogação do

Decreto-Lei n.º 133/2013.

Em jeito de antecipação, Os Verdes começam por referir que acompanham integralmente a pretensão dos

peticionantes, ou seja, também defendemos a revogação de algumas normas deste diploma, que veio impor o

afastamento de importantes normas da contratação coletiva e que continua a provocar grandes

constrangimentos no próprio funcionamento das empresas do setor empresarial do Estado.

Como sabemos, o Governo anterior, do PSD/CDS, passou o seu longo e demorado mandato a impor

injustiças a quem trabalha. Fossem trabalhadores do setor público, fossem trabalhadores do setor privado,

ninguém ficou de fora da ofensiva do Governo anterior, que não se cansou de penalizar quem trabalha, fosse

pela via salarial, fosse pela via da restrição de direitos. E o diploma cuja revogação agora se discute é um, de

entre muitos, dos diplomas que deram corpo a essa ofensiva contra quem trabalha.

Este diploma, para além de impor reduções de direitos aos trabalhadores do setor empresarial do Estado no

que diz respeito, nomeadamente, aos montantes do subsídio de refeição e do abono de ajudas de custo, para

além de afastar a contratação coletiva relativamente ao pagamento do trabalho extraordinário, está ainda a

contribuir, de forma decisiva, para fragilizar a qualidade dos serviços públicos prestados aos cidadãos.

Mas, ao jeito do PSD e do CDS, este diploma impôs à gestão das empresas públicas o modelo das empresas

privadas, ou seja, o que interessa é o lucro e só o lucro conta; a resposta às necessidades dos cidadãos não

interessa nada, o que interessa é o lucro.

E o objetivo é bem claro: desvaloriza-se o trabalho, reduzem-se direitos, agravam-se as condições de vida

dos trabalhadores, ignoram-se as funções sociais do Estado e prepara-se o terreno para privatizar os serviços

públicos, sempre muito apetecíveis para os privados.

Hoje, com o PSD e o CDS longe do poder, importa inverter também esta visão das empresas públicas e das

funções sociais do Estado, mas é também necessário respeitar e promover a contratação coletiva, recuperar a

plenitude dos direitos de quem trabalha e que foram removidos pelo Governo PSD/CDS, assegurar um setor

público empresarial eficiente, que possa ter um peso significativo no desenvolvimento do País e garantir serviços

públicos de qualidade aos cidadãos.

Por isso mesmo, Os Verdes consideram que é indispensável revogar algumas normas do Decreto-Lei n.º

133/2013 — que continuam em vigor apesar da lei do Orçamento do Estado para 2017 —, nomeadamente, o

n.º 2 do artigo 14.º e o artigo 18.º daquele Decreto-Lei.

O Sr. Presidente (Jorge Lacão): — Queira concluir, Sr. Deputado.

O Sr. José Luís Ferreira (Os Verdes): — Vou terminar, Sr. Presidente.