I SÉRIE — NÚMERO 90
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«O Dia Internacional contra a Homofobia e Transfobia é celebrado em todo o mundo e reconhecido
oficialmente em diversos Estados, como é o caso de Portugal e da própria União Europeia, assinalando o longo
percurso do combate à discriminação homofóbica e transfóbica e a luta e reconhecimento de direitos face à lei,
recordando o dia em que, em 1990, a OMS retirou a homossexualidade da sua classificação de doenças,
derrubando uma barreira violenta de preconceito homofóbico.
O Dia 17 de Maio representa uma missão de todos os Estados de direito e, portanto, também de Portugal,
que consagra expressamente, no artigo 13.º da Constituição, a proibição de discriminações com base na
orientação sexual.
Ainda assistimos a uma violência particular exercida sobre pessoas lésbicas, gays, bissexuais e transexuais
(LGBT), nomeadamente através da prática de crimes de ódio, e de discurso de ódio, cuja denúncia encontra
múltiplos obstáculos.
A violação grosseira dos direitos humanos das pessoas LGBT é uma realidade que merece a nossa
permanente vigilância e que acontece neste momento, nomeadamente na Chechénia e na Rússia. O caminho
que se impõe é o do combate à discriminação, combate, esse, de que cada vez mais países são um bom
exemplo.
Portugal tem-se afirmado em matéria de igualdade na lei, dando passos significativos em todas as sedes
com relevância na matéria, como a familiar. As conquistas legais, para além do seu valor intrínseco, vêm
contribuindo para a interiorização social do valor da igual dignidade de todas e de todos.
É, no entanto, necessário ter presente que cada pessoa pode encerrar discriminações múltiplas, que cruzam
questões identitárias com questões relativas ao perfil socioeconómico de partida. É fundamental que, tendo este
dado como pressuposto, se garanta um efetivo acesso, por parte das pessoas, a todas as dimensões do Estado
social.
Assim, a Assembleia da República saúda a comemoração do Dia Internacional e Nacional contra a
Homofobia e Transfobia e a determinação de todas as pessoas e movimentos da sociedade civil que, em
Portugal e à escala global, procuram assegurar a erradicação da discriminação na lei e na vida concreta.»
O Sr. Presidente: — Srs. Deputados, vamos votar.
Submetido à votação, foi aprovado por unanimidade.
Passamos ao voto n.º 309/XIII (2.ª) — De saudação pelo Dia Nacional e Internacional contra a Homofobia e
Transfobia (PAN e Deputadas do PSD Margarida Mano e Rubina Berardo), que vai ser lido pelo Sr. Secretário,
Deputado Moisés Ferreira.
O Sr. Secretário (Moisés Ferreira): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados, o voto é do seguinte teor:
«Celebrou-se esta semana o Dia Nacional e Internacional Contra a Homofobia e Transfobia. Celebrar o ‘17
de Maio’ continua a ser essencial, não só para recordar a data em que a Organização Mundial de Saúde retirou
finalmente a homossexualidade da sua classificação internacional de doenças, como também para refletir sobre
a violência e o preconceito a que continuam sujeitas as pessoas lésbicas, gays, bissexuais e trans por todo o
mundo.
Em Portugal, muitos têm sido os avanços legislativos para a garantia dos direitos das pessoas LGBT. O ano
de 2016 foi, aliás, histórico no que toca à eliminação de discriminações plasmadas na própria lei, seja pelo fim
da discriminação no acesso à adoção e coadoção por casais compostos por pessoas do mesmo sexo, seja pelo
alargamento das técnicas de procriação medicamente assistida a todas as mulheres, independentemente do
seu estado civil ou orientação sexual. Tais avanços refletem-se na própria apreciação que várias entidades
internacionais têm realizado no que toca ao desempenho do nosso País nesta matéria: a ILGA Europe atribuiu-
nos este ano um 6.º lugar no ranking do seu Rainbow Map, já depois de a ILGA World ter colocado Portugal
entre os países que mais protegem as pessoas lésbicas, gays e bissexuais.
Mas não nos deixemos cair no conforto dos rankings internacionais. São ainda muitas as lutas a travar na
área dos direitos humanos e, especificamente, na área dos direitos LGBT. Urge garantir a autodeterminação
das pessoas trans no reconhecimento das suas identidades. Urge combater o ódio e assegurar às pessoas
LGBT o acesso digno a bens e serviços, sem discriminação, sem preconceito e sempre em igualdade. Urge