I SÉRIE — NÚMERO 91
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ambiental em 2014, que a APA (Agência Portuguesa do Ambiente) solicitou e já obteve, estando neste momento
a fazer a sua avaliação.
Não vamos tratar especificamente estes temas na cimeira pela razão simples de que esses temas têm sido
tratados diretamente pelo Sr. Ministro dos Negócios Estrangeiros com o seu homólogo, pelo Sr. Ministro do
Ambiente com o seu homólogo e por mim próprio com o Presidente do Governo de Espanha. Temos tratado e
iremos continuar a tratar esses assuntos nas suas três dimensões: relativamente ao armazém, relativamente à
mina e relativamente ao futuro do sistema nuclear espanhol.
Finalmente, relativamente à PT, para ficar muito claro: o Governo não dará qualquer autorização para que
sejam feitos esses despedimentos, porque nada os justifica. Aliás, temos a indicação de que já terá havido um
desmentido por parte do CEO (chief executive officer) da Altice. Não sei se houve se não houve, mas o que é
certo é que, no que diz respeito ao Governo, não daremos qualquer autorização para que sejam feitos esses
despedimentos.
Aplausos do PS.
O Sr. Presidente: — Tem a palavra o Sr. Deputado Luís Montenegro, do Grupo Parlamentar do PSD, para
fazer perguntas.
O Sr. Luís Montenegro (PSD): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados, Srs. Membros do Governo, Sr.
Primeiro-Ministro, antes de mais, porque o Sr. Primeiro-Ministro não respondeu cabalmente à pergunta da Sr.ª
Deputada Heloísa Apolónia, a questão relativamente à central nuclear de Almaraz é a seguinte: sabemos que o
Governo criou um grupo de trabalho e que está a fazer o estudo que aqui anunciou o Sr. Primeiro-Ministro.
Mas a questão é a de saber se o Governo vai dar cumprimento ou não a uma resolução unânime do
Parlamento português que visa encetar as diligências para assegurar o encerramento desta central, visto que
ela faz 40 anos em 2020 e que esse será o tempo adequado a promover o seu encerramento, também por
razões de segurança, entre outras. A questão é mesmo a de saber se o Governo e o Sr. Primeiro-Ministro vão
dar cumprimento ou não a essa resolução, que, repito, é unânime no Parlamento.
Sr. Primeiro-Ministro, como já teve ocasião de referir, realizamos este debate após a decisão da Comissão
Europeia de recomendar ao Conselho a saída de Portugal do procedimento por défice excessivo. Queremos
recordar que esta é a terceira vez, nos últimos 15 anos, que Portugal entra e sai do procedimento por défice
excessivo.
Por isso mesmo, creio que, como País, temos de ter a humildade de reconhecer que estar ciclicamente a
entrar e a sair de um procedimento por défice excessivo é mau para o País, não é vida para um País como
Portugal. E não é vida para Portugal porque o excesso de défice é um bloqueio a um crescimento sólido e
duradouro da nossa economia e a um crescimento sólido e duradouro do nosso tecido social.
Sr. Primeiro-Ministro, nós, portugueses, bem sabemos a dureza que envolve a necessidade de adotar
medidas para sair deste procedimento, nomeadamente a das medidas que originaram esta última saída. Que o
digam todos os portugueses que sofreram na pele as políticas de austeridade, que, ao contrário do que dizia há
pouco a Deputada Heloísa Apolónia, não foram característica da última governação, mas vêm, sim, desde 2010
em toda a sua plenitude e atingiram muitas e muitas famílias de portugueses.
É que, Sr. Primeiro-Ministro e Srs. Deputados, é muito enfático poder dizer hoje que saímos do procedimento
por défice excessivo, mas não podemos esquecer que em 2009 tínhamos um défice de 11% e em 2015
atingimos um défice de 3%. Também é verdade que saímos agora desse procedimento porque atingimos um
défice de 2% em 2016, mas pelo meio tivemos um resgate e uma troica que, de facto, impuseram medidas muito
duras, que custaram muito, muito esforço e muito sacrifício aos portugueses.
Por isso, queremos, nesta ocasião, realçar precisamente o esforço e a tenacidade do povo português para
enfrentar e ultrapassar esta situação. Não temos nenhum problema em cumprimentar também o Governo por
ter dado continuidade ao caminho de baixar o défice que vinha a ser percorrido desde 2011.
Mas este cumprimento ao Governo envolve também uma exigência, porque é preciso não desbaratar o
esforço feito, Sr. Primeiro-Ministro. É preciso crescer, e é preciso crescer muito mais do que aquilo que
crescemos em 2016, porque não aguentaremos uma trajetória de consolidação orçamental se não colocarmos
o nosso País a crescer pelo menos o dobro do que crescemos no ano passado.