12 DE JUNHO DE 2017
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O que mudou, Srs. Deputados, foi a subida do salário mínimo nacional, que os senhores votaram contra; foi
a reversão das 35 horas, que os senhores votaram contra; foi a revogação da chamada «requalificação», que
os senhores votaram contra; foi a reposição salarial, eliminando cortes, que os senhores votaram contra; foi o
aumento das pensões, que os senhores votaram contra. E abstenho-me de continuar.
Quem não entende, de facto, os portugueses são os senhores. Os senhores não conseguem enfrentar a
realidade e, sobretudo, não aguentam esta evidência, não aguentam ter condenado um povo a uma situação de
pobreza e desesperança e nem assim conseguirem atingir uma única meta — uma única meta!
Aplausos do PS.
Em escassos 18 meses, a geringonça, que VV. Ex.as tanto desprezam, conseguiu restabelecer a normalidade
democrática ou, como ontem lhe chamou o Sr. Primeiro-Ministro, a «tranquilidade democrática» e dar uma nova
esperança ao povo português, cumprindo todas as metas a que se propôs e mesmo melhorá-las
significativamente em alguns casos.
É por isso que, ao contrário do que os senhores dizem, os portugueses e as portuguesas estão a entender-
nos perfeitamente e também vos estão a entender perfeitamente. Tanto assim é que a esquerda apresenta uma
estável maioria e o PSD está em queda livre.
Protestos do PSD.
Sei que a verdade dói, Srs. Deputados! Dói muito! Há até uma conhecida frase que diz «c’est surtout la vérité
qui blesse», ou seja, é sobretudo a verdade que magoa.
Aplausos do PS.
O Sr. João Oliveira (PCP): — Magoa, mas só magoa em francês!
A Sr.ª WandaGuimarães (PS): — E digo-vos uma coisa: doeu ainda mais aos portugueses entre 2011 e
2015.
Neste fórum, cada grupo parlamentar apresenta o que entende ser melhor…
O Sr. JosédeMatosRosa (PSD): — Pergunte ao Sócrates o que é melhor!
A Sr.ª WandaGuimarães (PS): — Aquiete-se, Sr. Deputado José de Matos Rosa. Venha aqui e faça a
pergunta! Seja democrata! Não esteja sempre a dar sugestões aos outros!
Aplausos do PS.
Como eu estava a dizer, neste fórum, cada grupo parlamentar apresenta o que entende ser a melhor solução
para os problemas, mas, atenção, apenas exprime um dos muitos pontos de vista possíveis, pois não existem
verdades absolutas.
Lembramos, no entanto, que a direita tem sido fértil em inconsistências várias, suscitadas apenas por uma
deriva ideológica galopante, chegando a propor matérias que nem os patrões, nem os trabalhadores, acolheram.
De facto, levam a taça!
A Sr.ª IdáliaSalvadorSerrão (PS): — Muito bem!
A Sr.ª WandaGuimarães (PS): — Quanto a matérias laborais — permitam-me a imodéstia, não sou jurista
mas fui empregada por conta de outrem —, sei perfeitamente o que é trabalhar numa empresa e, às vezes,
ouvindo certas pessoas, parece-me que não têm qualquer noção do que é uma empresa e o trabalho por conta
de outrem. Acreditem que não devemos enveredar, na nossa perspetiva, por uma corrida à produção legislativa
ou permitir o que nós chamamos «leis saltitonas», ou seja, leis permeáveis a sucessivas alterações, fruto da