30 DE JUNHO DE 2017
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Fica para o Governo a escolha entre responder e esperar, entre responder e inventar, entre responder e pedir
mais relatórios sobre relatórios que se contradizem uns aos outros, é a escolha do Governo. A nossa é esta e
não nos vão silenciar, Srs. Deputados.
A Sr.ª Isabel Alves Moreira (PS): — Ah!…
A Sr.ª Teresa Morais (PSD): — Não nos vão silenciar!
Aplausos do PSD.
Protestos do PS, do BE e do PCP.
O Sr. Presidente (José de Matos Correia): — Srs. Deputados, peço à Câmara, a todos os grupos
parlamentares, independentemente de apoiarem ou não o orador, que tenham a contenção que a circunstância
exige. Peço a todos os grupos parlamentares.
Protestos da Deputada do PS Isabel Alves Moreira.
Sr.ª Deputada, eu disse «todos os grupos parlamentares», todos!
Tem a palavra a Sr.ª Ministra da Administração Interna para uma intervenção.
A Sr.ª Ministra da Administração Interna (Constança Urbano de Sousa): — Sr. Presidente, Sr.as Deputadas
e Srs. Deputados: Tal como ontem tive oportunidade de dizer, em audição na 1.ª Comissão, o Governo está
neste momento a envidar todos os esforços para que as populações atingidas por esta tragédia possam retomar
as suas vidas com a normalidade possível e, em relação a todos esses assuntos, naturalmente, poderão dirigir
questões aos meus colegas de Governo.
No que ao Ministério da Administração Interna diz respeito, reafirmo o que disse ontem: naturalmente,
estamos a recolher, a analisar com profundidade, a cruzar dados para que possamos ter algumas respostas e
seria absolutamente irresponsável da minha parte tirar conclusões quando ainda não temos dados que nos
permitam dar resposta a todas essas questões.
Sr.ª Deputada, nós devemos ter respostas e explicações para todas essas questões, devemos isso aos
portugueses, mas devemos isso, em primeiro lugar, àquelas vítimas. Por isso mesmo, para que depois não haja
acusações de respostas parcelares, parciais, apoiamos, desde a primeira hora, a constituição de uma comissão
técnica que nos possa dar muitas respostas, todas as respostas às muitas questões que todos nós temos e que
eu, em primeiro lugar, enquanto cidadã, também gostaria de ver esclarecidas.
Estas respostas são múltiplas e, até ao dia de hoje, só tenho uma certeza:…
A Sr.ª Margarida Balseiro Lopes (PSD): — Só uma?!
A Sr.ª Ministra da Administração Interna: — … aquilo que aconteceu em Pedrógão Grande foi, de facto,
um grande incêndio. Mas naquele incêndio aconteceu qualquer coisa de anormal que fez com que, em 2 horas,
houvesse uma propagação absolutamente anormal de focos de incêndio para todo o lado e que atingiu de forma
muito especial um pequeno espaço naquela enorme área, que foi aquele incêndio. Aliás, se virem imagens de
satélite, vão perceber perfeitamente como é que aquele incêndio foi e como é que o do lado de Góis se
comportou, de uma forma completamente diferente.
Outra coisa que também sei é que ao primeiro alerta foram logo mobilizadas não só as três corporações de
bombeiros daquela área mas também uma equipa de ataque inicial helitransportada e que 2 horas depois já
tinham sido acionados 167 operacionais, 48 veículos e 2 meios aéreos.
Não obstante este ataque inicial, houve qualquer coisa que, a partir das 19 horas — segundo o que me dizem
—, fez com que existisse uma propagação absolutamente anormal daquele incêndio. Mas que fenómeno foi
este? O IPMA (Instituto Português do Mar e da Atmosfera) disse que houve um downburst e que vai apresentar
um relatório para explicar o que isso é. Aquilo que no terreno ouvi de profissionais muito experientes que ali